SE QUISER ALUGAR
OPÇÃO TEMPORÁRIA
h Notícias sobre economia, vírus, fim das moratórias têm impacto direto no mercado de arrendamento. Sendo este mercado mais reativo à atualidade que o da venda, é natural que as quebras de preços sejam imediatas – logo, acentuadas. A média nacional é de €817/mês (dados da Century 21).
Em teoria, esta é a melhor altura para os novos inquilinos em Lisboa, onde se concentram 33% dos contratos. Se
Q gue-se a área metropolitana do Porto, com 17%. Segundo dados da Deco Proteste, foi no primeiro concelho que se registaram as maiores descidas (-12%).
Uma das hipóteses é experimentar viver num alojamento local, convertido para o mercado de aluguer devido à falta de turistas. Além dos centros históricos da capital, as freguesias de Benfica (€12,2/m2), Lumiar e Olivais (€12,3/m2) são boas oportunidades. Nas zonas contíguas, segundo o analista Filipe Campos, destaca-se a Amadora, já que os T2 caíram 8% e a oferta ali aumentou 47%. Mais opções: Loures (-9% nos preços de T4); Odivelas (descontos de 5% em T1 e T2 ). No Porto, as mais baixas são pedidas em Paranhos e Ramalde (€10,8/m2), depois em Lordelo (€11,8/m2).
Não esquecer, porém, que alugar casa é para a maior parte uma solução transitória. Daí ser preterida em relação à compra (tradicionalmente, os portugueses gostam de ser proprietários, ter um teto garantido e deixar património para as gerações seguintes).
Os que não têm alternativa, tantas
EM TEORIA, ESTA É A MELHOR ALTURA PARA OS INQUILINOS EM LISBOA (CONCENTRA 33% DOS CONTRATOS)
vezes por recusa da banca de os financiar na compra, procuram os centros e acedem à caução inicial de dois meses de renda. Em fase de recessão, há casais com filhos que valorizam a garagem mais do que um terraço para confinar – pela dificuldade de estacionamento, agravada pelos sacos das compras e o carrinho de bebé. Já os jovens são mais flexíveis e ecológicos. “Gente de Uber, trotinetes, bicicletas. Procuram o centro da cidade para arrendar, onde há animação, atividades de rua”, descreve Manuel Mira Godinho, da KW.
Programa de rendas acessíveis
E é para a classe média remediada que se destina o Programa de Arrendamento Acessível (PAA), criado em 2019. As reduções são de 20% face aos preços de mercado. Para a candidatura, os potenciais inquilinos têm de ter um rendimento inferior a €35 mil brutos anuais para uma pessoa sozinha, ou de €45 mil para duas, acrescendo €5 mil por cada elemento que integre o agregado familiar. O problema é captar senhorios para este programa público, mesmo que fiquem isentos de impostos sobre os rendimentos prediais. “No total, temos 277 contratos realizados ao abrigo deste programa [até ao fim de 2020]”, responde à SÁBADO fonte oficial do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana.
Perante a crónica falta de oferta de arrendamento para a classe média, os construtores antecipam-se com casas de raiz para o efeito: já falámos do conceito built-to-rent em investidores de segmento alto. Há, no entanto, outro caso destinado às massas, com rendas entre os €500 e €800. A questão é saber onde. Ricardo Sousa, da Century 21, revela que se concentram em Lisboa, Oeiras e Matosinhos. “Estivemos envolvidos na análise da viabilidade de vários projetos, aproximadamente 800 imóveis para arrendamento.” A boa notícia é que estas casas deverão entrar no mercado no fim deste ano. W