TORNEIO DO CENTENÁRIO DO SETE DE ESPADAS
SOLUÇÃO DA PROVA n.º 1-A SMALUCO E A FACA QUE MATA
Autor INSPETOR BOAVIDA
A peça de Shakespeare que estava a ser representada no dia em que Júlio foi esfaqueado quase mortalmente em cena era A Tragédia de
Júlio César. Esta obra retrata a conspiração contra o ditador romano, seu assassinato e consequências. Brutus (personagem representada por Bruno), era seu amigo e foi manipulado por Cassius (personagem representada por Carlos) e por outros conspiradores, que o convenceram dos perigos da ambição de Júlio César (personagem representada por Júlio). No início do III ato da peça, consuma-se a conspiração e Brutus desfere o golpe fatal em Júlio César, momento em que Bruno esfaqueia o seu colega Júlio com uma faca de lâmina verdadeira, interrompendo a representação. Mas quem lhe trocou a arma? – eis a primeira questão.
A empregada da loja que vendeu a faca de lâmina verdadeira afirma ter a certeza de que não foi Bruno nem Casca o seu comprador. Conclui-se, assim, que terá sido Carlos quem comprou a arma. Este facto, conjugado com a sua presença no armazém de adereços, cuja chave estava na posse de Casca, alegadamente para fazer uma chamada telefónica, leva-nos a deduzir que Casca cedeu a chave do armazém a Carlos e pode saber da compra da faca de lâmina verdadeira. É-nos dito que foi Casca quem deu a faca a Bruno – ambos o confirmam –, mas isso não quer dizer que não tenha sido Carlos a passá-la a Casca depois de a trazer do armazém. E, neste caso, a faca devia possuir as impressões digitais dos três, mas, estranhamente, só foram encontradas as impressões de Bruno.
A inexistência das impressões de Casca e Carlos na faca significa que foi Bruno quem as limpou antes de entrar em cena para esfaquear Júlio. Isto revela que Bruno estava envolvido numa conspiração grupal, como n’A Tragédia de Júlio César, para matar Júlio, tendo eliminado as impressões dos colegas para os isentar de responsabilidades pelo sucedido. Desta forma, seria defendida a tese de a arma ter sido trocada por “desconhecidos” que se tinham introduzido no escuro dos bastidores, desconhecendo Bruno esse facto. Só que ele referiu “mãos nuas”. E essas mãos nuas não “estão” na faca!
Esta tentativa de homicídio pode ser consequência do caso antigo que levou os quatro colegas à justiça no passado, onde dois deles acusaram a vítima de ser um “tipo desprezível”. Parece certo que esta acusação foi feita por Casca e Carlos. A afirmação da vítima “Também tu, também tu?” (em vez da célebre frase “Também tu, Brutus?”, da peça de Shakespeare) pode revelar que Júlio suspeitava de que havia uma conspiração para o matar, mas nunca haveria suposto que Bruno viesse a fazer parte desse complot.
SOLUÇÃO DA PROVA n.º 1-B MEMÓRIAS
Autor PAULO
Vejamos os factos narrados e quais conduzem à falsidade do relato.
O Benfica jogou a 2 de maio de
A INEXISTÊNCIA DAS IMPRESSÕES DE CASCA E CARLOS NA FACA SIGNIFICA QUE FOI BRUNO QUEM AS LIMPOU ANTES DE ENTRAR EM CENA PARA ESFAQUEAR JÚLIO
1962, em Amesterdão, a final da Taça dos Campeões Europeus em futebol, ganhou e entre os jogadores estavam Águas, Coluna e Eusébio. O regresso a Portugal foi feito num avião da TAP.
Nestes pormenores não há qualquer contradição com a narrativa.
Também a roupa para viajar de avião era perfeitamente adequada, não havendo aí nenhum aspeto contraditório com a realidade.
Já quanto à paisagem observada não se passa o mesmo. O monumento a Cristo-Rei foi inaugurado em 17 de maio de 1959, mas a construção da ponte sobre o rio Tejo teve início a 5 de novembro de 1962, tendo sido inaugurada em 6 de agosto de 1966. Sendo assim, em maio de 1962 não era possível chegar de avião a Lisboa e ver a ponte.
Também as canetas de tinta permanente não podem ser usadas nos aviões. Devido à baixa pressão exterior, a tinta sai do depósito. Toda a roupa que estivesse em contacto com ela ficaria manchada e a caneta não podia ser utilizada.
Sendo assim, a hipótese correta éa D) Não era possível ver aquela paisagem de Lisboa à chegada nem ter escrito aquele poema no avião.
SOLUÇÃO DA PROVA n.º 1-C UMA DÚZIA DE QUALIDADE
Autor ABRÓTEA
1 Dinis Ramos Machado
2 José Augusto Roussado Pinto, Ross Pynn
3 António Andrade Albuquerque, Dick Haskins
4 O Mistério da Estrada de Sintra,
Eça de Queirós e Ramalho Ortigão 5 Francisco José Viegas
6 Erle Stanley Gardner e A. A. Fair 7 O Mistério do Combóio Azul,
Agatha Christie, Miss Marple
8 Nero Wolfe, Archie Goodwin por Rex Stout
9 Francisco A. Branco, O Clube dos Sete Anões assinado por Branco & Barreto, o conto, O Clube dos Anões.
10 Leslie Charteries, Simon Templar, entre mil nomes
11 Frederic Danny e Ellery Queen, pai e filho
12 Fernando Pessoa e o seu doutor Abílio Quaresma
Aqui ficam as primeiras soluções desse ano e deste torneio de homenagem ao Sete de Espadas.
Temos a consciência de que poderão não ter sido os desafios adequados para muitos dos detetives “principiantes” que resolveram visitar-nos, mas a existência de uma certa urgência em iniciarmos a competição e a ausência de produções, principalmente por atraso de chegada dos originais, obrigaram a que assim fosse.
Teremos a devida “benevolência” nas classificações, pedindo desde já desculpa aos autores, deixando a certeza de que não há qualquer desrespeito para com o seu trabalho, bem pelo contrário.
Hoje mesmo, os detetives poderão consultar as listagens das pontuações que obtiveram nestes três problemas, no blogue Sábado Policiário,
em sabadopoliciario.blospot.com. Os nomes adotados por cada detetive serão publicados por ordem alfabética.
Boas pontuações, detetives!