Vinhos Ensaio Extremes, o trio de monocastas da Quinta da Extrema
Rabigato, Tinta Francisca e Tinto Cão formam o novo trio de vinhos monovarietais da Quinta da Extrema, no Douro Superior. São exemplares bem afinados de três castas típicas da região.
O exemplar de Tinto Cão é o mais perfeito do trio de Ensaios Extremes. Apresse-se a comprar, deve esgotar depressa
Ensaios Extremes, diz quase tudo o que estes vinhos são. Por um lado, “são fruto de um experimentalismo continuado na adega, adaptando práticas para potenciar o caráter das castas e lhes dar o melhor enquadramento possível”, como explica o enólogo Jorge Rosa Santos, que trabalha em parceria com Rui Lopes.
Por outro, e aqui entramos na segunda parte do nome, trata-se de vinhos estremes (nome técnico para monovarietais) e vêm da Quinta da Extrema, uma das quatro que a empresa Colinas do Douro tem e que fica no extremo sudeste da região demarcada, possuindo terroir único, na confluência do solo xistoso, típico do Douro, e do granítico da vizinha Beira, e uma altitude de 640 metros.
Diferenciadores, para quem quer conhecer, no seu esplendor, três castas tradicionais durienses, estes Ensaios Extremes querem mostrar, não resultados finais, “porque o experimentalismo continua”, mas perfis afinados, baseados num confronto singular: elegância, dada pela frescura da altitude, e músculo, típico do Douro quente.
O exemplar branco, de Rabigato (colheita de 2019) mostra um vinho fermentado em barricas, e melhorado pelo estágio (curto, para evitar a oxidação) sobre as borras da fermentação, de uma casta pouco aromática, que por isso mesmo costuma emparelhar com outras, com maior amplitude. Com ligeiro tanino, acutilante, melhorará com mais um ano em garrafa.
A Tinta Francisca é uma casta muito presente nos lotes de vinho do Porto, mas com pouca área plantada, por isso raramente se vê em monovarietais. A coleção Ensaios Extremes vem colmatar a lacuna, com um tinto (da colheita de 2018) de perfil moderno e boa acidez (a altitude da quinta ajuda, a exposição da parcela, sombria e junto a uma linha de água, também), aromas a fruta vermelha madura e um toque herbáceo.
Da vindima de 2018, o exemplar de Tinto Cão – o primeiro que satisfez a equipa de enólogos, que testou a casta a partir de vários talhões da quinta, com diferentes tratamentos (fermentações em lagar, com ou sem engaço, etc.) – é o mais perfeito do trio. Frutado e com vegetais em fundo, guloso mas fresco, volumoso mas macio, assegura uma gloriosa estreia a estes ensaios. Pena ser também uma raridade: só foram feitas 649 garrafas, enquanto as de Tinta Francisca ultrapassam as 3.200 e as de Rabigato as 1.300. Não tarda, esgotam. W