Tendência Os novos ténis de corrida que estão a conquistar os fãs do running
A febre das placas de carbono começou com a Nike e já se espalhou a outras marcas. Isabel Silva e Jorge Corrula são dois dos portugueses que usam as sapatilhas mais famosas – e rápidas – do momento.
Quando foi buscar os ténis novos à alfândega, o ator Jorge Corrula pegou na caixa e pensou que tinha sido enganado. “Era tão leve que achei que estava vazia”, conta à SÁBADO. Depois percebeu que afinal estava tudo bem: as sapatilhas da New Balance que mandou vir dos EUA quando ainda não estavam à venda em Portugal, pesam cerca de 200 gramas – uma laranja grande, por exemplo, pode pesar 350. Mas essa não é a única diferença em relação a uns ténis, digamos, mais convencionais. Com uma placa em fibra de carbono, o tempo de corrida pode melhorar em 4%, mas não para todos (já lá iremos). “Fiz a maratona de Nova Iorque há dois anos e desde aí que compro os ténis oficiais da prova. E os ténis oficiais da última maratona eram esses”, acrescenta Jorge Corrula. “Não sei se é real, ou se estou sugestionado”, brinca, “mas sinto um impulso extra na saída da passada e uma melhor postura”.
A apresentadora Isabel Silva, que já fez várias maratonas (incluindo 4 das seis mais emblemáticas do mundo) e tem, há um ano, o apoio de um treinador de corrida, confirma a sensação: “Tenho dois pares de sapatilhas com placa de carbono e sinto uma grande diferença, impulsionam ainda mais a minha velocidade, dão explosão. Mas isso só acontece porque eu estou numa boa forma, só faz sentido comprar uns ténis destes se treinares com qualidade e cuidares dos teus pés. Mais do que ter uma boa sapatilha, toda XPTO, o importante em primeiro lugar é ter uns bons pés. O que é que me adianta ter a melhor raquete de ténis se não souber jogar?”, diz à SÁBADO.
Os pioneiros da tecnologia
Os ténis com placa de fibra de carbono são uma inovação da Nike: foi com um protótipo da versão final dos Vaporfly que o queniano Eliud Kipchoge conseguiu – em outubro de 2019 e pela primeira vez na história – completar uma maratona em menos de duas horas, reduzindo em 3% o tempo mínimo até aí atingido. Depois da Nike, rapidamente a tecnologia passou a estar disponível em modelos da Adidas, Asics e New Balance, por exemplo. “O que estes sapatos fazem é que entre a palmilha e a sola principal introduzem uma placa de fibra de carbono, que tem uma resposta elástica. Quando apoia o peso do pé sobre a palminha, esta placa de carbono vai dobrá-la e conforme o executante começar a sair do chão a palmilha volta à sua posição inicial e transmite essa energia, empurrando o pé para a frente. Funciona mais ou menos como um arco: quando se puxa ele deforma-se, acumula energia elástica e quando se solta o cabo essa energia é passada para a seta de uma forma muito rápida e o arco volta à posição inicial”, explica António Veloso, professor de Biomecânica.
Mas não vá já a correr comprar uns. E não é apenas por custarem cerca de 200 euros (ou mais), explica o mesmo especialista. Vários estudos mostram que a eficácia não é igual para toda a gente. “São melhores para quem faz um apoio mais atlético, com o terço anterior do pé, quem apoia no calcanhar, por exemplo, não tira tanto benefício deste tipo de sapatos. Tendencialmente os mais beneficiados são os atletas, que podem chegar aos tais 4%.” Se faz uma corrida de vez em quando, “não notará grande diferença”. W
JORGE CORRULA ACHOU QUE A CAIXA DOS TÉNIS ESTAVA VAZIA – SÃO MUITO LEVES