EUA Autopen, a máquina que os Presidentes usam para assinar por eles
Já serviu para gravar o nome dos líderes americanos em diplomas e até em cartas de condolências enviadas a familiares de soldados mortos. Kennedy teria 22 assinaturas.
A AGENDA DE VIAGENS DE OBAMA PERMITE PERCEBER QUE TERÁ USADO A AUTOPEN PELO MENOS SETE VEZES
Como é que se assina um documento urgente estando a milhares de quilómetros de distância da secretária onde o vão deixar? Se for Presidente dos Estados Unidos, tem várias formas de o fazer: em 1947, Harry S. Truman pediu que lhe enviassem um projeto-lei por correio; o staff de John Kennedy recorreu a um avião para fazer chegar documentos importantes ao Presidente; George W. Bush saiu a correr do seu rancho no Texas e meteu-se no Air Force One para assinar presencialmente uma conta. Alguns anos mais tarde, Barack Obama resolveu a urgência de outra forma: em 2010, um braço-robot evitou uma deslocação urgente do Hawai – onde estava de férias – até Washington, para assinar vários projetos de lei; outra vez, quando estava em França, acordou às 5h45 para rever uma proposta aprovada à última hora pelo Congresso e autorizar a sua assinatura com a autopen – com a diferença horária, o prazo acabava às 6 da manhã.
Apesar de ter sido o primeiro a utilizar um robô para assinar legislação, Obama não foi pioneiro na autopen, o pequeno aparelho que copia e armazena uma assinatura e consegue depois reproduzi-la em praticamente todas as superfícies. Foi estreada nos anos 50 por Harry S. Truman, que a usava em segredo – nessa altura, tinha o tamanho de um móvel e era acionado com um pedal de pé. Gerald Ford foi o primeiro a admitir publicamente utilizar a autopen e Lyndon B. Johnson deixou que os media a fotografassem pela primeira vez. Provavelmente ninguém a usou tão exaustivamente como John F. Kennedy, que teria oito autopens com 22 assinaturas diferentes.
A polémica dos soldados
Apesar de nunca ter assinado uma lei com a autopen, George W. Bush quis saber se era constitucional fazê-lo: em 2005, um memorando de 29 páginas confirmava que o Presidente não precisava de assinar fisicamente um diploma ou qualquer outro documento oficial que tivesse decidido validar. Um argumento que Obama viria a utilizar várias vezes. De acordo com o correspondente da CBS na Casa Branca, que acompanha a agenda de viagens do Presidente, Obama recorreu à autopen pelo menos sete vezes – as mesmas em que lhe era fisicamente impossível estar presencialmente em Washington.
Na maior parte dos casos, a assinatura automática é usada para fotografias e correspondência pessoal. Bill Clinton e Ronald Reagan chegaram a pedir que lhes enviassem documentos para a Turquia e para a China, respetivamente, para evitarem assinar leis importantes com a autopen. Apesar disso, o aparelho nem sempre escapou à polémica: em 2004, o secretário de Estado Donald Rumsfeld foi notícia por ter usado a autopen para assinar cartas de condolências enviadas aos familiares de soldados americanos mortos no Iraque. “Teve tempo para jogar golfe e para estar no seu rancho, mas não para uma assinatura decente, com uma caneta, dedicada a estes heróis”, disse um familiar ao The Guardian. Apesar de ter dito que pretendia apenas ser célere, Rumsfeld garantiu que passaria a assinar tudo pessoalmente. W