Espanha A corrupção continua a assombrar o PP
Há muito que os partidos não discutem “ideologia”. Nada dizem sobre a essência daquilo em que acreditam. Daí que a “política” se faça cada vez mais fora dos partidos. A “direita” não tem compreendido isto.
O “teletrabalho” é apenas a ponta do icebergue da nova economia. Com os reflexos da pandemia a estenderem-se provavelmente até 2023, trata-se de um período suficientemente longo para não se entender como interlúdio, e sim enquanto modelo alternativo. A “direita” não pode perder a batalha pela compreensão e domesticação destes fatores.
Ao contrário das suas encarnações passadas, as “direitas” aprenderam o valor da justiça social, num País ainda desequilibrado. Mas não fazem disso o fundamento da sua ação.
Em poucas palavras, e involuntariamente, a ministra da Justiça explicou o que é a corrupção, a propósito das vacinas. Mas evita-se punir o clientelismo partidário nas funções públicas e parapúblicas. Podia ser uma bandeira “das direitas”, mas não é.
As candidaturas autárquicas não podem ser nem prémios de consolação, nem fugas de outros lugares, nem questões de “princípio”. O único “princípio” deve ser colocar nas listas pessoas locais, que conheçam, vivam e tenham ou obra feita, ou obra pensada, nas respetivas circunscrições. As listas precisam ainda de ser feitas num consenso amplo, dado que o desenvolvimento local não se relaciona com nenhuma ortodoxia. A “direita” deixou de entender isto, e tem sofrido os resultados.
António Costa diz, e bem, que os últimos 60 anos foram de discussões infindáveis sobre o novo aeroporto da capital. Mas tirou disso uma ilação errada: a longa dúvida deriva não de manias ou clubes, mas da ausência de soluções fáceis. Sobretudo soluções baratas e seguras. Daí que o tempo não seja de “fugas para a frente” forçadas, como na teimosia passageira da Ota. Neste macroinvestimento público, temos de saber mais. E perceber porque continua a pôr-se na prateleira uma opção credível, fundamentada, que não implica um atravessamento do Tejo, como é a hipótese de Alverca. A “direita” entende tudo isto?
Não desfazendo em ninguém, Cecília Meireles e Mariana Mortágua foram, na AR, as melhores intérpretes da necessidade de fiscalizar o Estado, fiscalizar a fiscalidade, e fiscalizar as relações entre governos, grandes interesses e notáveis. Ou seja, a moralidade pública e a necessidade de rigor técnico não possuem inclinação “ideológica”. As chamadas “direitas” deviam promover mais e melhor os seus elementos especialmente articulados, preparados e missionados para este combate. Tirando-o das mãos de amadores bem-intencionados, ou meros comissários políticos.
A Defesa é uma área onde, para além do folclore, tem existido, “amplo consenso”. Este pode ser perigoso, pois é capaz de esconder inação, mas é um bom sinal termos evoluído de um pensamento meramente corporativo, por ramo, e de considerações irrealistas sobre promoções, carreiras e “impacto social”, para questões fundamentais de modernização, equipamento, capacidades, dimensão, financiamento, valorização de recursos técnicos e humanos. As “direitas” não deveriam ter vergonha de continuar neste caminho, assim como no da operacionalidade conjunta, na altura em que o EMGFA faz 70 anos.
Aliados, amigos, princípios e interesses: as “direitas” não podem achar que há contradição entre aqueles elementos, em política externa. Não se trata de desarticular o esforço diplomático do passado, mas antes fortificá-lo e melhorá-lo.
Grandes conflitos “à direita” passaram pela questão criminal, incluindo a ordem pública. O Chega não teria crescido, nem nascido, se PSD, CDS e descendentes tivessem olhado para o problema da insegurança, dos riscos e das ameaças com olhos de ver.
As “direitas” não precisam de inventar a pólvora, mas se desistirem de comunicar para além dos já convertidos, ficarão a falar sozinhas, mais pequenas, mais divididas. Mais inúteis. W