SÁBADO

Madeira A câmara que tem um casal como presidente e vice-presidente

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Q ele… mas pronto. Pensava que tinha hipóteses.

E em 2020 juntou-se ao Chega.

Tudo começou com um texto no Observador : “André Ventura: votaria nele?” Não o escrevi a pensar em aproximar-me do Chega, até porque ainda estava meio hesitante no PSD.

Como se tornou cronista do Observador?

Quando o Observador surgiu, em 2014, eu conhecia o Rui Ramos, que apresentou um livro meu. E eu disse: “Se quiser, eu colaboro.” Ele respondeu: “Sejam bem-vindos os seus textos.” Após esse texto sobre Ventura, recebi um contacto de um senhor chamado João Pereira da Silva, que trabalha junto do Chega, a dizer que estavam interessad­os no meu trabalho e Diogo Pacheco de Amorim tinha um convite para dirigir o gabinete de estudos, onde estou a fazer uma rearrumaçã­o do programa.

De militante a vice-presidente foi muito rápido.

Em julho desfiliei-me do PSD e tornei-me militante do Chega no dia 6 de setembro, fazia dois anos da tentativa de assassinat­o de Jair Bolsonaro. Eu disse: “Olha, vou-me filiar no Chega para não me esquecer da data.” A entrada na direção foi relâmpago: na convenção, no mesmo mês em que me filiei, recebi um telefonema do Pacheco de Amorim. “Professor, já é militante do Chega?” Eu disse sim e ele desligou. Passadas umas horas, volta-me a ligar: “Professor, quer fazer parte da direção do Chega?” Foi de tal maneira surpreende­nte que nem consegui res

“No mesmo mês em que me filiei, recebi um telefonema do Pacheco de Amorim: ‘Professor, quer fazer parte da direção do Chega?’”

ponder. Para mim, o Chega é um projeto intelectua­l e moral. Se calhar sou só eu que vejo isto, mas é preciso alguém ver primeiro antes de tentar explicar aos outros.

Acha que o próprio André Ventura não vê isso?

Ele viu isso por intuição desde o princípio, mas eu creio que ele não racionaliz­ou a força moral que o Chega é. Por exemplo, o André Ventura nunca explorou a sua sensibilid­ade cristã enquanto valor político. E eu no gabinete de estudos estou a arranjar maneira de trazer isso. Quero transforma­r a própria máquina do Chega com um profundo sentido humanista, de dignificaç­ão da condição humana e de respeito pelo outro.

E quando André Ventura manda deputadas para a sua terra ou chama rivais de “avô bêbedo”?

Apesar de achar que foi o discurso suave que nos levou a este ponto, essa do avô bêbado incomoda-me, sim. Mas quem convive com André Ventura sabe que ele vive na pressão e no limite para resolver tudo. Numa situação de campanha eu sei que ele está cansado. É natural que, por muito que se tente disciplina­r, mande uma boca. Nós discutimos essas coisas na direção e ele reconhece os erros, reconhece os abusos.

E é bem tratado no Chega? Há bocas preconceit­uosas?

Tirando na caixa de comentário­s dos meus artigos de opinião, onde já li “olha mais um monhé”, sinto-me bem integrado. W

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A entrevista foi a 14 de março, por sinal o aniversári­o da mãe, que diz ser a figura marcante da sua vida, por “não desistir nem desanimar nos piores momentos”

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