A história de Madame Claude e a sua rede de sexo na alta sociedade
Os bordéis de meninas novas, geridos por uma empreendedora de meia idade, fazem parte do imaginário popular, mas baseiam-se em casos bem reais – como o de Madame Claude, agora em filme na Netflix.
Entre os seus clientes havia atores, como Marlon Brando, líderes políticos, do ditador líbio Al- Gaddafi ao Presidente Kennedy e até o milionário Onassis
MADAME CLAUDE é quase uma figura mitológica da Paris dos anos 60 e até já deu um filme erótico em 1977. Não é o caso do que estreia esta semana na Netflix, porque a Covid o impediu de chegar às salas, em que o registo é mais dramático, traçando a sua biografia.
Dona de um autêntico império de prostitutas, mas que nem gostava de sexo, chegou a frequentar a alta sociedade francesa, graças à fortuna ganha com as suas “meninas” que ela própria instruía, dando-lhes classe e cultura, para melhor servirem os clientes famosos.
Segundo consta, arranjava-lhes raparigas à medida: o Presidente norte-americano, John F. Kennedy, por exemplo, solicitou uma que fosse parecida com a mulher, Jackie, “mas mais atraente”. Na sua carteira de fregueses também estavam os atores Marlon Brando e Rex Harrison, o ditador da Líbia Al-Gaddafi, o líder israelita Moshe Dayan ou o milionário Aristóteles Onassis e a mulher, a soprano Maria Callas, que “faziam pedidos depravados”, como revelou um artigo da Vanity Fair, escrito por William Stadiem (também biógrafo de Marilyn Monroe), que a terá conhecido quando ela vivia em Los Angeles, para onde fugiu devido às dívidas fiscais em França.
Dirigido por Sylvie Verheyde, autora de obras como Tu Mérites un Amour (2019) ou Sex Doll (2016), o novo filme passa-se em Paris, no fim dos anos 60, no auge da “carreira” de Madame Claude, ao mesmo tempo ameaçada pela inevitável decadência (e o fim da era do patriarcado intocável, com os crescentes movimentos de libertação da mulher), e tem no papel principal a atriz-fetiche da realizadora – desde a primeira longa metragem, Un Frère (1997) –, a bela Karole Rocher.
Ao seu lado, a jovem Garance Marillier, atriz-revelação em 2017 com o multipremiado filme de Julia Ducournau, Raw, interpreta uma das suas protegidas, sensual e inteligente, que se vai tornando especial: a meretriz mais velha vê nela o seu espelho em jovem e, a pouco e pouco, dá-lhe mais poder e acesso às suas contas, contactos privilegiados e segredos perigosos. Isso será a sua perdição.