The Nevers é a grande estreia sobre mulheres fortes da HBO
Joss Whedon criou um novo universo feminino: The Nevers estreia a 12 de abril na HBO Portugal e fala de mulheres amaldiçoadas e perseguidas pela sociedade.
AO LONGO de uma sessão de Zoom com atores da nova série de Joss Whedon, The Nevers,
que estreia a 12 de abril na HBO, uma jornalista faz repetidamente a pergunta: “Porque é que nos sentimos tão atraídos pela criação de histórias na era vitoriana?” Está longe de ser uma pergunta preguiçosa, porque a ficção continua a explorar autores da época, reimagina novos universos nela, é a fundação do subgénero steampunk (um retrofuturismo inspirado pela Revolução Industrial, presente nesta série) e é agora cenário para se falar de desigualdade, misoginia e racismo em The Nevers. Faz todo o sentido.
Quem são os The Nevers?
Ninguém. Na verdade, são referidos como as touched (tocadas), mulheres que foram abençoadas/amaldiçoadas com superpoderes. Não são super-heroínas, não são vilãs, mas antes vistas como aberrações.
Por serem mulheres, elas não são vistas como heroínas. E, como em X-Men, há uma espécie de Professor Xavier: Lavinia Bidlow (Olivia Williams), uma mulher rica que as acolhe no Orfanato. Também há uma vilã, Maladie (Amy Manson), que tem qualquer coisa de Magneto, também de X-Men.
O que sobressai em The Nevers é o discurso sobre uma sociedade mais justa. Laura Don
“Há temas na série – como o racismo, a misoginia e os ideais de igualdade e justiça –, que ainda são atuais”, diz a atriz Laura Donnelly
nelly, que interpreta a protagonista, Amalia True, responde assim à pergunta da era vitoriana: “Há temas da série muito atuais: racismo, misoginia e ideais de igualdade e justiça; como se cria uma sociedade igual e livre. A era vitoriana é passado, mas está muito próxima.”
Ann Skelly, cuja personagem (Penance Adair) foi abençoada com dotes de inventora, conclui: “Estamos num mundo dominado por tecnologia. A era vitoriana é muito pós-industrial e é o ponto de partida do nosso agora. A tecnologia, um elemento tão importante nas nossas vidas, começou lá. E continua a dominar o nosso mundo.”
Ben Chaplin, que interpreta o detetive Frank Mundi, relembra Charles Dickens (uma forte inspiração para The Nevers) e Olivia Williams recorda que A Máquina do Tempo, de H. G. Wells, e Frankenstein, de Mary Shelley, foram escritos no século XIX, neste clima de evolução tecnológica.
Faz sentido voltar atrás e pensar que aquele mundo poderia ter tido super-heroínas. Os Nunca podem não ter existido, mas vieram aí para ficar. W