O centenário do experimental e multidisciplinar Ernesto de Sousa
De 8 a 22 de abril, a Appleton, em Lisboa, dedica um ciclo a Ernesto de Sousa no centenário do seu nascimento. Há exposições, performances, concertos e um podcast.
O PONTO ALTO, como não poderia deixar de ser, é a 18 de abril, data de aniversário de Ernesto de Sousa, nascido em 1921 e marcante na arte contemporânea nacional, por ser pioneiro na multidisciplinaridade: discípulo de Almada Negreiros, reconhecido como um dos fundadores do chamado Novo Cinema, com o seu filme de 1962, Dom Roberto, ainda anterior ao expoente do movimento, Verdes Anos, que Paulo Rocha estreou em 1963, trabalhou também em fotografia, performance, teatro e escrita crítica, ensaística e jornalística, entrevistando artistas da vanguarda internacional como Ben Vaultier e Joseph Beuys, além de ter iniciado o cineclubismo em Portugal.
Nesse dia, domingo, 18 de abril, a Appleton Associação Cultural, na R. Acácio Paiva, estará excecionalmente aberta das 10h às 13h, para receber uma performance contínua (que permite a rotatividade dos visitantes) em torno da sua obra emblemática Revolution My Body Nr. 2, com música experimental ao vivo de David Maranha.
Em simultâneo, será lançado um podcast que junta Vera Appleton, que dirige esta associação sem fins lucrativos, complementar ao circuito de galerias, Maranha e ainda Isabel Alves, que gere o espólio do artista. A entrada é livre para esse dia, mas também para o resto do ciclo, que se inicia já no dia 8 (e se prolonga até 22) com a inauguração de Revolution My Body Nr. 2 em formato expositivo, um trabalho de 1976 (estreado originalmente em Cáceres, Espanha) que consiste na projeção de um filme em Super8 e que convida à intervenção do público sobre três folhas de papel/ecrãs. Ao mesmo tempo será apresentada, pela primeira vez ao público, a totalidade dos carimbos de Ernesto de Sousa, presença constante na sua prática artística, curatorial, e mail art que trocava com artistas de todo o mundo.
O ciclo completa-se com as apresentações a solo de Rafael Toral e Pedro Sousa, respetivamente a 16 e 22 de abril das 19h às 21h (em contínuo, para uma audiência reduzida, devido à Covid-19, que deve ser rotativa).
Estes dois artistas receberam – o primeiro em 1994, o segundo no último ano –, a bolsa Ernesto Sousa, que ao longo de 20 anos tem prolongado o seu legado e patrocinado várias gerações da vanguarda portuguesa a criar projetos em residência na Experimental Intermedia Foundation, em Nova Iorque.
Ainda este ano, outras instituições, como a Gulbenkian, com um colóquio e um espetáculo a 2 de junho, também prestarão as suas homenagens ao artista. W
Será apresentada, pela primeira vez , a totalidade dos carimbos de Ernesto de Sousa, mail art que trocava com artistas de todo o mundo APPLETON (GARAGEM & BOX), LISBOA •De 8 a 22/4
Grátis