Notícia da SÁBADO leva Nova a tratar conflitos de interesses
A comissão independente criada após uma notícia da SÁBADO concluiu que a faculdade deve preocupar-se mais em prevenir conflitos de interesses face aos seus mecenas.
ANova SBE, a faculdade pública de Economia que financiou o seu campus de 50 milhões de euros com mecenato, “deverá aprovar uma política de conflitos de interesses que não existe neste momento”. A conclusão é da comissão independente nomeada pelo reitor da Universidade Nova de Lisboa o ano passado, para estudar a política de conflitos de interesses e a liberdade académica na faculdade.
A SÁBADO noticiou em julho passado que um órgão restrito de catedráticos da Nova SBE recomendara que os professores não assinassem intervenções nos media com o nome da faculdade se estas não fossem de divulgação de conhecimento científico. Esta preocupação inédita contrastava com as relações muito próximas que alguns professores – entre os quais o diretor da faculdade, Daniel Traça – tinham com alguns mecenas, que incluíam cargos remunerados e ações de publicidade. As reações à peça – que apontava críticas feitas internamente a Susana Peralta, uma docente com opiniões públicas contundentes sobre alguns mecenas – levou o reitor João Sàágua a criar a comissão.
A equipa, liderada pela eurodeputada Maria Manuela Leitão Marques, confirma que a faculdade deve preocupar-se com a sua política de conflitos de interesses, desde logo começando por criar uma. “Não existe atualmente uma política específica destinada à prevenção, eliminação e gestão de conflitos de interesses, quer ao nível da unidade orgânica NOVA SBE, quer da Universidade NOVA de Lisboa”, aponta. A comissão – que leu os contratos de mecenato em vigor e concluiu que não limitam, no papel, a liberdade académica – refere que “os conflitos de interesse aparentes percebidos podem ser tão prejudiciais como os conflitos de interesses reais”. Bebendo dos códigos das faculdades estrangeiras mais avançadas neste campo, a comissão sugere ao reitor vários mecanismos de transparência e controlo. A Nova irá agora avaliar as alterações a fazer. Referindo-se ao caso concreto noticiado pela SÁBADO – sobre a recomendação para os professores não assinarem com o nome da faculdade –, a comissão “não exclui (…) que possa ter sido entendida como uma forma de pressão suscetível de afetar a sua liberdade de emitir opinião”. E dá um conselho: uma mudança futura nesta prática deve ser “precedida de um amplo debate e apoio por parte da comunidade académica”. W