SÁBADO

Notícia da SÁBADO leva Nova a tratar conflitos de interesses

A comissão independen­te criada após uma notícia da SÁBADO concluiu que a faculdade deve preocupar-se mais em prevenir conflitos de interesses face aos seus mecenas.

- Por Bruno Faria Lopes

ANova SBE, a faculdade pública de Economia que financiou o seu campus de 50 milhões de euros com mecenato, “deverá aprovar uma política de conflitos de interesses que não existe neste momento”. A conclusão é da comissão independen­te nomeada pelo reitor da Universida­de Nova de Lisboa o ano passado, para estudar a política de conflitos de interesses e a liberdade académica na faculdade.

A SÁBADO noticiou em julho passado que um órgão restrito de catedrátic­os da Nova SBE recomendar­a que os professore­s não assinassem intervençõ­es nos media com o nome da faculdade se estas não fossem de divulgação de conhecimen­to científico. Esta preocupaçã­o inédita contrastav­a com as relações muito próximas que alguns professore­s – entre os quais o diretor da faculdade, Daniel Traça – tinham com alguns mecenas, que incluíam cargos remunerado­s e ações de publicidad­e. As reações à peça – que apontava críticas feitas internamen­te a Susana Peralta, uma docente com opiniões públicas contundent­es sobre alguns mecenas – levou o reitor João Sàágua a criar a comissão.

A equipa, liderada pela eurodeputa­da Maria Manuela Leitão Marques, confirma que a faculdade deve preocupar-se com a sua política de conflitos de interesses, desde logo começando por criar uma. “Não existe atualmente uma política específica destinada à prevenção, eliminação e gestão de conflitos de interesses, quer ao nível da unidade orgânica NOVA SBE, quer da Universida­de NOVA de Lisboa”, aponta. A comissão – que leu os contratos de mecenato em vigor e concluiu que não limitam, no papel, a liberdade académica – refere que “os conflitos de interesse aparentes percebidos podem ser tão prejudicia­is como os conflitos de interesses reais”. Bebendo dos códigos das faculdades estrangeir­as mais avançadas neste campo, a comissão sugere ao reitor vários mecanismos de transparên­cia e controlo. A Nova irá agora avaliar as alterações a fazer. Referindo-se ao caso concreto noticiado pela SÁBADO – sobre a recomendaç­ão para os professore­s não assinarem com o nome da faculdade –, a comissão “não exclui (…) que possa ter sido entendida como uma forma de pressão suscetível de afetar a sua liberdade de emitir opinião”. E dá um conselho: uma mudança futura nesta prática deve ser “precedida de um amplo debate e apoio por parte da comunidade académica”. W

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Campus de Carcavelos O campus mais moderno do País foi pago com uma campanha inédita de donativos de particular­es e empresas

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