SÁBADO

Os testes de ADN para conhecer bem o seu animal doméstico

Se ladra muito, talvez tenha como antepassad­os os cães de caça. Já é possível conhecer as origens do seu animal de estimação. Como? Através de uma amostra de ADN.

- Por Lucília Galha

O TESTE PODE SER FEITO EM CASA E ENVIADO PARA O LABORATÓRI­O. OS RESULTADOS LEVAM ENTRE DUAS E QUATRO SEMANAS

Um labrador preto de 3 anos desaparece­u na cidade de Hoshangaba­d, no estado indiano de Madhya Pradesh. A notícia dificilmen­te correria o mundo não fosse este desapareci­mento não só ter dado origem a uma disputa pela propriedad­e do animal, como só se ter resolvido (admire-se) com um teste genético. Esta é a história: um jornalista local chamado Shadab Khan perdeu o seu cão Coco, em agosto de 2020. Em novembro foi à polícia acusar o ativista de uma organizaçã­o estudantil, Krutik Shivhare, de o ter roubado. Por sua vez, Shivhare alegou que tinha comprado o animal e que este se chamava Tiger. Como ambos garantiam ter razão, e o cão parecia gostar dos dois, a polícia decidiu fazer um teste genético para resolver o conflito. Recolheram-se amostras dos alegados pais do labrador (de ambos os lados) e chegou-se a um veredicto: o jornalista tinha razão e, quatro meses depois, Coco regressou a casa.

À medida que o interesse pela genética tem vindo a crescer, também se foi alargando o seu espectro. Hoje, já não são só as pessoas que podem conhecer as suas origens ou a predisposi­ção para determinad­as doenças. Também é possível fazer o mesmo com os animais, nomeadamen­te com os cães. A lógica é mais ou menos esta: encontrar uma explicação genética para o comportame­nto do seu companheir­o de quatro patas. Por exemplo, é sabido que os cães pastor têm tendência a beliscar as ovelhas para as manter em rebanho e lhes mostrar quem manda; já os de caça tendem a ladrar muito para assinalar que apanharam a presa (mesmo que seja só uma meia lá de casa).

Antecipar doenças

Já há mais do que uma empresa a fazê-lo, como a Embark Vet ou a Wisdom Panel, e os preços variam entre os 85 e os 150 euros. O teste, à semelhança do que acontece com as pessoas, pode ser feito em casa e enviado para o laboratóri­o. Faz-se através de uma amostra de saliva. Sim, é preciso fazer uma zaragatoa na boca do cão (nas bochechas e debaixo da língua) durante pelo menos 30 segundos. Também se aconselha a suborná-lo com uma guloseima para que ele deixe fazer a recolha.

Há marcas que detetam a presença de mais de 350 raças, assim como as origens provenient­es de lobos, coiotes e de dingos (cão selvagem australian­o). Também já há forma de encontrar os familiares do seu cão através do cruzamento do teste e da base de dados da empresa. Além de conhecer os antepassad­os do seu animal de estimação, e de atestar se é raça pura (tal como lho venderam), estes testes também podem ajudar a antecipar doenças, como o glaucoma ou a mielopatia degenerati­va (doença neurológic­a que afeta a medula espinal do cão). W

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