Roteiro do retorno dos palcos, entre Eunice Muñoz e Hamlet
Da despedida dos palcos de Eunice Muñoz à estreia de um novo Hamlet, há muito a não perder neste regresso dos teatros ao vivo, depois de três meses cingido ao online. Um pequeno roteiro.
João Pedro Mamede já brilhou noutra peça do britânico Simon Stephens, no mesmo Teatro da Politécnica: Punk Rock. Agora protagoniza Birdland
O TEATRO Nacional D. Maria II, em Lisboa, aproveita o desconfinamento para receber um êxito (estreado em Guimarães, seguido de dois CCB lotados), a tempo do 25 de Abril. A partir de terça feira, dia 20, a Sala Garrett converte-se numa mata alentejana onde uma família celebra o aniversário do assassinato de Catarina Eufémia às mãos da ditadura de Salazar – vestindo-se como ela, respondendo pelo seu nome, como idealizou o autor, Tiago Rodrigues –, com a matança de um fascista.
Com Isabel Abreu, António Fonseca e Sara Barros Leitão, entre outros, Catarina e a Beleza de Matar Fascistas passa-se em 2028 – aludindo à pandemia e à (perigosa) ascensão de um partido populista, sem o referir explicitamente – e é a mais contundente das peças deste regresso do teatro ao vivo. Na outra sala do D. Maria estreia, também a 20, um trabalho inédito de Ana Borralho e João Galante, a partir da poesia de José Miguel Silva: Tempo Para Refletir, sobre a vida após a morte.
Ainda em Lisboa, o Teatro do Bairro retoma Bodas de Sangue, de Lorca, o Trindade reabre com Noite de Estreia (só dia 22) e o São Luiz acolhe Comédia de Bastidores, uma sátira de Alan Ayckbourn sobre três casais da classe média (que já esteve no Porto), com encenação de Nuno Carinhas e Benedita Pereira no elenco. Já os Artistas Unidos estreiam Birdland, de Simon Stephens, no Teatro da Politécnica, com João Pedro Mamede no papel de uma estrela de rock às voltas com a fama e um certo vazio existencial. Isto, no dia 19. A 23, a mesma companhia viaja a Portalegre para estrear Morte de Um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, com Américo Silva.
Em Oeiras, o regresso ao teatro faz-se com a despedida dos palcos de Eunice Muñoz, aos 92 anos, no auditório com o seu nome. A neta, Lídia Muñoz, assegura a contracena, numa peça sobre desemprego, velhice e solidão: A Margem do Tempo, de Franz Xaver Kroetz. No Teatro Mirita Casimiro, no Estoril, José Condessa será o Hamlet de Shakespeare a partir do dia 21, encenado por Carlos Avilez.