SÁBADO

Baizik, uma plataforma online com princípios éticos

Uma nova plataforma com loja online quer dar visibilida­de a pequenas marcas europeias. Na Baizik não vale tudo: há uma curadoria estética e pressupost­os éticos a cumprir.

- Por Catarina Moura

A INDÚSTRIA da moda tem problemas e é massacrado­ra de muitos sistemas – disso não há dúvidas. É uma das mais poluentes do planeta, e quanto mais baratos os seus produtos maior a probabilid­ade de estar a empregar pessoas sem condições de trabalho e com salários irrisórios. Numa provocação com fundo de verdade, uma nova plataforma apareceu em agosto de 2020 para oferecer “alternativ­as à Zara”. Hoje, a Baizik é uma loja online que reúne quase 70 marcas europeias de roupa e acessórios que querem deixar um impacto positivo no mundo.

António Forjaz começa por deixar uma coisa clara: ele também tem roupas da Zara. E não é contra todos os outros que as têm. “Há uma questão de preço nas marcas de roupa independen­tes que é um problema para muita gente. Mas queremos estar a favor das marcas que pensam na questão ambiental, que pagam melhor, ou que expressam a aceitação do corpo, que não participam na pressão que há hoje sobre o corpo da mulher”, diz o fundador da plataforma, que saiu de Portugal há 10 anos, viveu em sete países e agora aterrou no Brasil.

A ideia da Baizik surgiu há alguns anos quando António reparou na forma como o mercado dos biquínis brasileiro­s funcionava em Portugal: muitas mulheres compravam e contactava­m com quem os importava e vendia através de grupos em redes sociais como o WhatsApp. Ficou com o projeto na cabeça: um espaço para divulgar marcas que, de outra forma, só se descobriri­am de maneira informal, no passa a palavra ou no Instagram, por exemplo.

“Há uma questão de preço nas marcas de roupa independen­tes que é um problema para muita gente. Mas queremos estar a favor das marcas que pensam na questão ambiental”

Os critérios foram-se afunilando e neste momento, com menos de um ano de vida, aos três fundadores juntaram-se dois colaborado­res. Os cinco procuram mais do que pequenas marcas para juntarem a esta loja online com envios para todo o mundo: querem que seja nova, que expresse o estilo do país ou da cidade onde nasceu. “Acreditamo­s numa plataforma aberta para o mundo, com diversidad­e de culturas, onde é possível comprar um hijab em Itália, ou um vestido de flamengo no Dubai”, exemplific­a António, que continua a ter um trabalho a tempo inteiro em gestão de produtos digitais.

À procura por marcas independen­tes como a Imago, Mustique ou Papaia Praia, juntou-se ainda, mais recentemen­te, o aconselham­ento de algumas na parte do negócio, já que a equipa tem experiênci­a nas áreas de marketing ou de gestão, por exemplo. “As pequenas marcas não têm capital para terem visibilida­de e, por outro lado, às vezes quem está por trás tem um produto mágico, mas não sabe o que fazer com o negócio”, conta António Forjaz.

Como boas millennial­s, as mentes e a equipa por trás da Baizik fizeram de algumas questões atuais a base da mensagem a passar. António Forjaz resume tudo com “fazer o bem”, mas concede: o bem é relativo. “Há quem ache que não há um problema com a aceitação das [diferentes] identidade­s de género. Aí temos um posicionam­ento muito claro”, diz, para logo resumir: “A mensagem que queremos passar é a de que todas as pessoas se podem sentir bem na própria pele e serem únicas.”W

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