Baizik, uma plataforma online com princípios éticos
Uma nova plataforma com loja online quer dar visibilidade a pequenas marcas europeias. Na Baizik não vale tudo: há uma curadoria estética e pressupostos éticos a cumprir.
A INDÚSTRIA da moda tem problemas e é massacradora de muitos sistemas – disso não há dúvidas. É uma das mais poluentes do planeta, e quanto mais baratos os seus produtos maior a probabilidade de estar a empregar pessoas sem condições de trabalho e com salários irrisórios. Numa provocação com fundo de verdade, uma nova plataforma apareceu em agosto de 2020 para oferecer “alternativas à Zara”. Hoje, a Baizik é uma loja online que reúne quase 70 marcas europeias de roupa e acessórios que querem deixar um impacto positivo no mundo.
António Forjaz começa por deixar uma coisa clara: ele também tem roupas da Zara. E não é contra todos os outros que as têm. “Há uma questão de preço nas marcas de roupa independentes que é um problema para muita gente. Mas queremos estar a favor das marcas que pensam na questão ambiental, que pagam melhor, ou que expressam a aceitação do corpo, que não participam na pressão que há hoje sobre o corpo da mulher”, diz o fundador da plataforma, que saiu de Portugal há 10 anos, viveu em sete países e agora aterrou no Brasil.
A ideia da Baizik surgiu há alguns anos quando António reparou na forma como o mercado dos biquínis brasileiros funcionava em Portugal: muitas mulheres compravam e contactavam com quem os importava e vendia através de grupos em redes sociais como o WhatsApp. Ficou com o projeto na cabeça: um espaço para divulgar marcas que, de outra forma, só se descobririam de maneira informal, no passa a palavra ou no Instagram, por exemplo.
“Há uma questão de preço nas marcas de roupa independentes que é um problema para muita gente. Mas queremos estar a favor das marcas que pensam na questão ambiental”
Os critérios foram-se afunilando e neste momento, com menos de um ano de vida, aos três fundadores juntaram-se dois colaboradores. Os cinco procuram mais do que pequenas marcas para juntarem a esta loja online com envios para todo o mundo: querem que seja nova, que expresse o estilo do país ou da cidade onde nasceu. “Acreditamos numa plataforma aberta para o mundo, com diversidade de culturas, onde é possível comprar um hijab em Itália, ou um vestido de flamengo no Dubai”, exemplifica António, que continua a ter um trabalho a tempo inteiro em gestão de produtos digitais.
À procura por marcas independentes como a Imago, Mustique ou Papaia Praia, juntou-se ainda, mais recentemente, o aconselhamento de algumas na parte do negócio, já que a equipa tem experiência nas áreas de marketing ou de gestão, por exemplo. “As pequenas marcas não têm capital para terem visibilidade e, por outro lado, às vezes quem está por trás tem um produto mágico, mas não sabe o que fazer com o negócio”, conta António Forjaz.
Como boas millennials, as mentes e a equipa por trás da Baizik fizeram de algumas questões atuais a base da mensagem a passar. António Forjaz resume tudo com “fazer o bem”, mas concede: o bem é relativo. “Há quem ache que não há um problema com a aceitação das [diferentes] identidades de género. Aí temos um posicionamento muito claro”, diz, para logo resumir: “A mensagem que queremos passar é a de que todas as pessoas se podem sentir bem na própria pele e serem únicas.”W