A mentira da transição verde
A INFLUÊNCIA HUMANA nas alterações climáticas dos últimos dois séculos é uma verdade científica absoluta, apesar dos teóricos conspirativos e de um bando crescente de chalupas. Mas a maior mentira que os divulgadores do aquecimento global nos pregaram foi a de que uma nova consciência ecológica e o recurso a energias alternativas iriam salvar o planeta, resgatando-nos pelo caminho. Só será possível evitar a catástrofe climática através de um milagre tecnológico, e esse milagre chama-se fusão. Nos últimos 250 mil anos, desde o recurso ao fogo e, mais tarde, com o uso do trabalho animal, as unidades de energia ao dispor do Homem multiplicaram-se 15 milhões de vezes. 99% dessa multiplicação deu-se desde 1760: não serão verdadeiros milagres a máquina a vapor, o motor de combustão automóvel, as centrais nucleares ou o hidrogénio líquido dos foguetes que propulsam naves para o espaço?
Os combustíveis fósseis estão condenados – são como veneno no estômago, pulmões e cérebro do planeta. Mas os peritos não nos dizem que as energias renováveis (vento, água, sol) são proibitivamente caras e ineficientes para resolver o Grande Problema do aquecimento global. Requerem superfícies imensas, investimentos colossais para funcionarem a larga escala e uma capacidade de armazenamento que ainda não existe para compensar os dias calmos ou os períodos nocturnos. Na revista Lapham’s Quarterly, Andrew Blum explicava há dias como só a fusão pode resolver o problema energético de uma sociedade verde. A fusão é, no essencial, o processo físico-químico de produção de energia que acontece no interior dos sóis. Como conseguir então “construir” um sol armazenável e de desperdício zero? Nunca estivemos tão perto desse Santo Graal. De forma a produzir-se e distribuir-se sem desperdício (e de forma ininterrupta) a energia resultante dos reactores de fusão, são necessários poderosos electroímanes feitos de materiais supercondutores exóticos a altíssimas temperaturas como o ReBCO, aperfeiçoado por um físico do MIT, Bob Mumgaard. A SPARC, a instalação que Mumgaard está a construir para chegar à fusão em 2025, parece mais realista do que a ITER, o esforço internacional de centenas de milhares de milhões de euros a edificar no Sul de França, de conclusão prevista para 2035. Não será menos do que um milagre. Mas há 10 mil anos que os andamos a fazer. W