SÁBADO

A nova edição do Invisível

Está bem à vista o sucesso deste vinho branco, quase transparen­te, feito com uvas da casta tinta Aragonez: à 12.ª edição, é o mais vendido da marca alentejana Ervideira.

- Por Rita Bertrand

É um trabalho de filigrana enológica: os cachos são vindimados cedo, durante a noite, e vinifica-se apenas as lágrimas, gota a gota, de cada uva

NO SEGMENTO dos topos de gama, o Invisível, que este ano tem um preço recomendad­o de €13, ganha em notoriedad­e nacional, mas também em vendas, aos outros vinhos, mesmo os mais baratos, da Ervideira de Duarte Leal da Costa.

Parecia que dificilmen­te passaria de um produto de nicho, quando foi lançado, em 2010. “Fizemos 9 mil garrafas, meio a medo, sem sabermos o que ia acontecer. Até então o perfil dos nossos clientes era conservado­r e a nossa oferta tradiciona­l. Decidimos inovar e entrámos rapidament­e em rutura. O mercado mostrou logo que havia um lugar para o Invisível”, recorda o enólogo Nelson Rolo, orgulhoso da sua criação.

É um trabalho de filigrana enológica: os cachos são vindimados cedo, durante a noite (quando baixa a temperatur­a), com maturações controladí­ssimas, para garantir uma frescura de vinho branco que o Aragonez naturalmen­te não tem; depois, o transporte, em caixas de mil quilos, é rápido e a refrigeraç­ão rigorosa, até ao momento da vinificaçã­o, que no caso consiste em sangrar as uvas, aproveitan­do-se apenas umas gotas, a que se chamam lágrimas, quase sem cor, para compor o lote. O resto fica para os tintos Conde d’Ervideira.

Esta originalid­ade, assente na inovação permanente, apoiada na tecnologia e no estudo, combinadas com a qualidade que é lema da marca alentejana, fez dele o campeão que é hoje: lançado anualmente na primavera, costuma esgotar antes do outono – e não é por haver pouco: desde há três anos, saem 80 mil garrafas por edição e, mais houvesse, mais desapareci­am.

“Até agora não tínhamos vinhas para produzir mais, mas já as plantámos”, avança Leal da Costa, que recentemen­te comprou aos irmãos a parte que não era sua desta empresa com vinhedos nas sub-regiões da Vidigueira e de Reguengos, e fez accionista­s os dois filhos, Duarte e Bernardo.

O vinho fala por si: não valia a pena ser inovador se não fosse bom. Quase transparen­te, como o seu nome indicia, tem aromas que evocam a ameixa típica da casta tinta Aragonez, notas de chá, hortelã e salva, e uma acidez impecável, como se quer num branco, mas com estrutura e capacidade de guarda (até quatro anos).

Ideal com queijos e enchidos de porco preto (que costumam acompanhar as provas no Enoturismo da Ervideira, seja no lounge junto à adega ou nas lojas de Évora, Monsaraz e Lisboa), o Invisível abriu portas a outras aventuras da Ervideira, como o vinho e o espumante estagiados nas águas do Alqueva, ou o colheita tardia (o da podridão nobre, tão difícil de alcançar), 100% da casta Sémillon, como o mais famoso do mundo, de Sauternes, França. W

 ??  ?? O Ervideira Wine Lounge, na Vendinha, em Monsaraz, fica junto à adega, rodeado pela planície alentejana
O Ervideira Wine Lounge, na Vendinha, em Monsaraz, fica junto à adega, rodeado pela planície alentejana
 ??  ?? A €13 nas garrafeira­s e lojas online, o “blanc de noir” Invisível é o campeão de vendas da Ervideira
A €13 nas garrafeira­s e lojas online, o “blanc de noir” Invisível é o campeão de vendas da Ervideira

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal