Foi mesmo ele que criou o blogue Mercado de Benfica
No julgamento do pirata informático, o inspetor-chefe Rogério Bravo garantiu que o criador do Football Leaks fundou também o site que divulgou os emails do Benfica.
Há mais de duas horas que o inspetor-chefe Rogério Bravo estava a ser ouvido no julgamento de Rui Pinto. Até então, o coordenador dos crimes informáticos da Polícia Judiciária (PJ) tinha estado a responder às questões da defesa de Aníbal Pinto sobre a sua alegada relação com a Doyen e o encontro ocorrido na A5, em outubro de 2015, entre Nélio Lucas e o então representante do criador do Football Leaks. Mas foi quando a advogada da Doyen, Sofia Ribeiro Branco, lhe perguntou se Rui Pinto tinha criado algum blogue que o inspetor lançou a bomba: “O Mercado de Benfica e o Football Leaks. É o mesmo autor.”
No inquérito que está a ser julgado existem vários indícios que apontam para que Rui Pinto seja o autor do blogue que a partir de 2017 divulgou os emails do Benfica, peças processuais em segredo de justiça, caixas de correio de advogados e inquéritos integrais, como o que envolveu o ex-diretor do SIED, Jorge Silva Carvalho.
Entre os ficheiros encontrados nos seus dispositivos informáticos estavam imagens só acessíveis a quem tem privilégios de administrador do blogue e num ficheiro de texto foi localizada a password de acesso ao site. Mas esta foi a primeira vez que um alto responsável da PJ acusou Rui Pinto de ser o autor do Mercado de Benfica.
De acordo com a reconstituição feita pela SÁBADO junto de várias fontes que estiveram presentes na audiência da passada quarta-feira, 14 de abril, a afirmação de Rogério Bravo surgiu de forma inesperada. A advogada Sofia Ribeiro Branco começou por questioná-lo sobre o impacto das ações de Rui Pinto. O inspetor-chefe dividiu-o em dois planos. “Um foi o impacto direto negativo sobre investigações em curso. Não distinguimos o Football Leaks do Mercado de Benfica, onde se disponibilizou uma peça processual de um colega que referia uma investigação. O impacto negativo foi enorme. Tiveram de acelerar buscas para salvar alguma coisa”, disse.
O inspetor-chefe referia-se à publicação no Mercado de Benfica de uma denúncia do coordenador da PJ, Pedro Fonseca, que dava conta da existência de uma toupeira no sistema judicial que partilhava informações em segredo de justiça com responsáveis do Benfica. Uma queixa que daria origem ao chamado processo E-toupeira.
O segundo impacto referido por