Os diários do ditador
Ao longo de 36 anos – entre 1933 e 1968 – António de Oliveira Salazar anotou tudo o que fazia em 72 cadernos. Há muito que esses diários estavam digitalizados na Torre do Tombo mas a caligrafia quase indecifrável do ditador tornavam-nos inacessíveis ao leitor comum. Até que a arquivista Madalena Garcia decidiu mudar isso: durante nove anos passou a limpo mais de 6500 páginas. O resultado foi a publicação, no final de 2021, do e-book Diários de Salazar. Foi através da leitura desses diários, e do cruzamento de alguns dados aí constantes com outras obras sobre a vida do ditador, que o jornalista Marco Alves reconstitui nesta edição o dia a dia de Salazar.
Respostas desarmantes
Maria Filomena Mónica é uma das mais notáveis pensadoras da sociedade portuguesa. Não é por acaso que, recentemente, foi considerada pela SÁBADO como uma das mulheres mais influentes do país. Agora que lançou um novo livro baseado em centenas de cartas da mãe, avó e suas, aceitou falar com a subeditora Vanda Marques com uma condição: ser por email, uma vez que regressou aos tratamentos de quimioterapia após a interrupção durante a pandemia. Após uma troca de mensagens, ainda brincou: “Já sabe mais sobre mim do que devia! Numa noite em branco e com dores, isto distrai-me”. Respostas sinceras de quem não se exibe mas também não esconde que tem cancro.
Atletas e refugiados
Durante cinco semanas, os jornalistas Carlos Torres, Márcia Sobral e Filipa Teixeira contactaram por telefone e email os 34 clubes que disputaram as I e II Ligas de futebol, para perceber se estão a receber atletas ucranianos, que fugiram da guerra. Nem todos responderam, pois eles estão espalhados por várias modalidades. A maioria está no futebol, como é o caso de Rosty, de 8 anos, que foi acolhido pelo Vitória de Guimarães. “O caso tocou-me bastante”, admitiu a jornalista Filipa Teixeira depois de falar com a mãe do miúdo, Nádia, que veio para Portugal com os dois filhos sem conhecer ninguém. “O marido ficou lá e na conversa que teve connosco, com a ajuda da tradutora, esteve sempre de cara cerrada, a olhar o vazio”. Para miúdos como Rosty, ou para outros que lhe damos a conhecer nesta edição, o desporto permitiu-lhes voltar a brincar e a ter alguma normalidade na sua vida.
Boa semana. ●