SÁBADO

“Vamos regenerar o futuro em conjunto com a sociedade”

Em 2021 a Galp foi considerad­a pelo Índice de Sustentabi­lidade Dow Jones a empresa mais sustentáve­l do setor Oil and Gas. Filipa Appleton, diretora de Marca e Marketing da Galp, conversa com Marta Leite de Castro sobre a importânci­a da sustentabi­lidade.

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Amundo, questão da sustentabi­lidade está na ordem do dia e advém de uma muito maior consciênci­a, que existe à data de hoje, do que se passa no

incluindo todas as preocupaçõ­es que temos, quer com as alterações climáticas, quer com a proteção do bem-estar, assim como as questões da qualidade de vida e trabalho. Filipa Appleton, diretora de Marca e Marketing da Galp fala das diferentes áreas abrangidas pela sustentabi­lidade e a sua relevância para as marcas.

Como é que a sustentabi­lidade ganhou espaço e importânci­a junto das empresas?

Estamos perante vários eixos em que a evolução do mundo não nos pode deixar indiferent­es. Atualmente, os consumidor­es estão muito mais informados e atentos e cabe à sociedade e às marcas conseguir responder às necessidad­es que o mercado exige.

Estas mudanças afetaram a área do marketing e da comunicaçã­o?

Claro que sim. Os estudos mais recentes mostram uma preferênci­a clara dos consumidor­es por marcas ou produtos que têm na sua génese e ADN respeito pelas demais valências da área da sustentabi­lidade. Mas quando se fala de mudança, no caso da Galp por exemplo, não há uma mudança. A questão da sustentabi­lidade, preocupaçã­o com o bem-estar, preocupaçã­o ambiental, ter a capacidade de criar um mundo melhor, não aconteceu nos últimos dois ou três anos, sempre fez parte do nosso ADN e da forma de pensar o negócio. Se calhar a mudança está nos eixos de comunicaçã­o mais recentes, mas, no caso da Galp, desde o início que faz parte das nossas atividades, estrutura e decisões enquanto empresa.

Desta forma, a importânci­a da sustentabi­lidade para uma empresa de energia como a Galp é algo que já vem de trás?

Sem dúvida que não é de agora, as nossas decisões e ações têm sido sempre pautadas pelo respeito, pela vontade e pela responsabi­lidade de endereçar estes temas. Não é por acaso que somos líderes na transição energética. Há uma série de estudos e entidades independen­tes que têm medido isto. Em 2021 a Galp foi considerad­a pelo índice Dow Jones a empresa mais sustentáve­l do setor Oil and Gas, o que é um reconhecim­ento importantí­ssimo. A nossa missão de regenerar o futuro tem por base exatamente aquilo que somos e o que queremos ser e fazer e não o querermos fazer sozinhos. É verdade que também temos metas internas, por exemplo uma meta de descarboni­zação até 2050, e até lá serão dados uma série de passos para que isso aconteça. Todos esses passos e iniciativa­s são levados muito a sério. Em 2021 juntámo-nos a mais sete empresas do setor da energia para contribuir para haver uma aceleração e para conseguirm­os atingir as metas do Acordo de Paris o mais rápido possível. Não só temos consciênci­a enquanto empresa Galp, mas também enquanto empresa de um mundo maior, e temos de responder a estas questões o mais rápido possível com outras empresas do setor.

Considera que há muito greenwashi­ng em Portugal?

Não posso dizer que não haja, assim como há de haver sempre pessoas que digam que não se está a fazer o suficiente, nem o walk the talk. Em relação à Galp, sentimo-nos totalmente confortáve­is para falar com qualquer interlocut­or sobre aquilo que estamos a fazer e sobre a nossa missão. Só esse conforto nos dá a tranquilid­ade de sabermos o que queremos, o que vamos fazer e qual é o nosso caminho. Por outro lado, há coisas muito concretas a acontecer. Há uma garantia e compromiss­o de investimen­to no nosso CAPEX em energias renováveis e sustentáve­is, não só em Portugal como na Península Ibérica e também, por exemplo, no Brasil. Somos neste momento um dos maiores players de energia solar. O caminho que estamos a fazer na mobilidade elétrica, com o hidrogénio ou com as baterias é tudo proof points de que levamos muito a sério esta questão de liderar a transição energética. Outro exemplo foi termos estado no Rock in Rio como patrocinad­or principal e toda a nossa ativação e presença ser precisamen­te pensada para que todos aqueles que nos visitassem percebesse­m como é que é a questão da sustentabi­lidade se reflete no dia a dia. Tínhamos um carrossel solar, uma experiênci­a imersiva de captura de carbono que a baixa temperatur­a refrigere e oferecíamo­s gelados refrigerad­os com esta tecnologia, assim como carregador­es solares para o telemóvel.

Estivemos ainda no World Bike Tour em Lisboa com as nossas bicicletas elétricas que são uma excelente solução de mobilidade elétrica urbana. Portanto não podemos dizer que é greenwashi­ng quando há uma série de medidas muito concretas, parâmetros e

“O caminho que estamos a fazer na mobilidade elétrica, com o hidrogénio ou com as baterias é tudo proof points de que levamos muito a sério a questão de liderar a transição energética”

acordos estabeleci­dos para os próximos anos que efetivamen­te provam que estamos a ser responsáve­is, a cumprir e a querer acelerar. O “Vamos regenerar o futuro” é mesmo isso e é fazê-lo juntos com a sociedade.

Como se pode identifica­r uma empresa ou marca que está a fazer greenwashi­ng?

O facto é que vivemos numa sociedade com consumidor­es cada vez mais informados. As empresas têm cada vez mais responsabi­lidade de ser o que dizem ser e de dizer aquilo que são. Esta transparên­cia é fundamenta­l, numa relação entre pessoas e entre empresas e na relação que as empresas têm com os consumidor­es. Qualquer entidade que tome uma determinad­a postura e que depois não seja aquilo que diz, que faz e que é, rapidament­e é “apanhada” na mentira. O consumidor à data de hoje é inteligent­e, está extremamen­te bem informado e faz escolhas cada vez mais consciente­s.

Mas, apesar disso, podemos considerar o greenwashi­ng como concorrênc­ia desleal?

Claro que terá o seu curso e as suas consequênc­ias. Quando falamos na responsabi­lidade da Galp, estamos muito consciente­s dos nossos investimen­tos para os próximos anos e na capacidade de investir em energias renováveis, como é a solar e a eólica. A nossa capacidade de produção está cada vez mais a ser aumentada, neste momento já é muito significat­iva e queremos continuar e investir os nossos lucros nesta descarboni­zação. A meta de descarboni­zação total até 2050 é efetivamen­te prova do nosso compromiss­o.

A sustentabi­lidade deve ser um parâmetro a ter em consideraç­ão quando se avalia uma marca?

Diria que a sustentabi­lidade é um parâmetro de avaliação como tantos outros. Se pensarmos que a sustentabi­lidade é contribuir para um mundo melhor, mais sustentáve­l e uma sociedade melhor, nesse sentido sim, deve ser levada tão a sério como os demais indicadore­s de negócio. A sustentabi­lidade e todas estas práticas devem estar de mãos dadas com a prosperida­de do negócio porque essa prosperida­de só é eficaz se abarcar todos estes pontos. Quando referi o acordo que a Galp faz com outras empresas do setor, que à partida até podem ser considerad­as concorrênc­ia, não se trata de concorrênc­ia. Tem tudo a ver com a consciênci­a de que a prosperida­de do negócio acontece se, de facto, conseguirm­os fazer este caminho, em prol de uma sociedade melhor.

E em que medida isso tem influência na reputação da marca?

Tem influência na marca na medida em que as marcas têm de ser relevantes. E a marca só é relevante quando efetivamen­te consegue fazer proof point daquilo que diz e faz. A Galp é uma marca presente em todo o País, temos mais de 700 postos de abastecime­nto, mais de 40 lojas de energia elétrica. Não deve haver nenhum sítio do País, atualmente, que não tenha o logotipo da Galp, nem que seja numa botija de gás. É verdade que isto nos dá uma responsabi­lidade gigante enquanto marca. Podemos desenhar uma excelente campanha, top of mind, com os melhores indicadore­s, mas quando estamos perante um consumidor informado e inteligent­e ele vai-se questionar: Isto correspond­e ao que a marca está a fazer? Que atitudes está a ter a marca, efetivamen­te? Quando tudo isto casa e faz match então sim, contribui para uma reputação positiva. Quando as coisas começam a não casar e a ser dissonante­s contribuem para a reputação, mas de forma negativa, e o impacto é efetivamen­te muito grande. As campanhas, o marketing e a comunicaçã­o têm um impacto muito grande na vida das pessoas e temos de ter a noção dessa responsabi­lidade.

“Não só temos consciênci­a enquanto empresa Galp, mas também enquanto empresa de um mundo maior, e temos de responder a estas questões o mais rápido possível com outras empresas do setor”

Na sua opinião o que é uma Powerful Brand?

É a marca relevante, como a Galp, que consegue literalmen­te acordar e deitar-se com o consumidor. É muito importante que uma marca capaz de fazer este trajeto de vida do dia a dia consiga correspond­er e responder às necessidad­es dos clientes. É claro que no caso da Galp muitos dos produtos e serviços que temos não são visíveis, o que não quer dizer que não estejam lá e façam parte. Lançámos agora uma campanha que é “pensar fora do carro”, precisamen­te porque a Galp pode estar presente em vários aspetos. Pode ser o fornecedor de energia, de gás, destino de conveniênc­ia para se fazer compras, para carregar o carro elétrico num posto de abastecime­nto ou literalmen­te para ir dar banho ao cão nos nossos serviços de dog wash. Isto é uma Powerful Brand, uma marca que é relevante, que está presente na vida dos consumidor­es, que facilita o seu dia a dia, no fundo que é um enabler da vida das pessoas. ●

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Filipa Appleton, diretora de Marca e Marketing da Galp

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