Próximo destino: Lamego
Há um mar de razões para visitar Lamego, uma cidade crucial na construção de uma nação e na devoção de um povo. Protelou até agora? Esse dia chegou. Vai ver que andava a perder um tesouro.
Passaporte da Rota da Nacional 2 carimbado (o que torna esta road trip ainda mais aliciante) e fizemo-nos à viagem. Se à saída do Peso da Régua o GPS assinalava a autoestrada A24, prescindimos da rapidez em prol da beleza do percurso. Depois de um café para elevar (ainda mais) o ânimo, seguimos rumo ao quilómetro 104: Município de Lamego.
A sua origem perde-se na bruma do tempo. Já do tempo dos romanos, em 1057 foi reconquistada aos mouros por Fernando Magno de Leão. Foi aqui que decorreram as lendárias Cortes de Lamego, onde D. Afonso Henriques foi aclamado Rei de Portugal.
Em Lamego, não há rua, ruela ou esquina sem um detalhe de encanto
Mas o ponto alto da visita (literalmente) é o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. A sua sumptuosa escadaria ergue-se na colina para zelar pelos lamecenses. As fontes, os azulejos e as vistas panorâmicas enriquecem a sua decoração e o verde do Parque de Santo
Estêvão faz-lhe o enquadramento perfeito. Numa palavra, adorámos.
Mas Lamego tem muito mais do que igrejas
É dona de um legado histórico, cultural, arquitetónico e paisagístico único. A Sé Catedral é de cortar a respiração, bem como o Antigo Paço do Bispo que acolhe o
Museu de Lamego, dono de uma das melhores coleções de arte religiosa, escultura e tapeçaria.
Subimos corajosamente até ao Castelo de Lamego,o edifício mais antigo da cidade, e às suas muralhas para apreciar mais uma vista espetacular. A seguir, bastou uma voltinha pelas ruas que se desenrolam à sua volta para perceber como a cidade é hospitaleira.
Se o estômago começar a dar horas, não receie
Quem semeia bons vinhos, colhe boa gastronomia: enchidos, bacalhau com broa, polvo à lagareiro, cabrito assado, a bola e a tarte de Lamego são sabores com história que prometem ficar na memória.
O prestígio dos vinhos da região de Lamego vem de longe. Aqui foi produzido o vinho generoso exportado pela primeira vez com o nome de “vinho do Porto” e os primeiros espumantes nacionais – definitivamente consagrados com os espumantes Raposeira, empresa fundada há mais de 120 anos.
Hoje, Lamego (berço do poeta Fausto Guedes Teixeira) é um incontornável centro histórico e cultural do Douro intimamente ligado à Estrada Nacional 2. Estrada que, segundo o presidente da Câmara Municipal Francisco Lopes, “passa nas cidades mais importantes e também nos locais menos procurados e que, por força da criação das autoestradas, deixaram de ser um local de circulação tão frequente”. Este episódio é, portanto, uma oportunidade para “mostrar as imagens fantásticas que o Douro pode proporcionar, mostrar que somos um país hospitaleiro, que sabe receber, com paisagens magníficas e cenários que se prestam a múltiplas atividades”. E “há sempre aquela ponta de orgulho que temos ao mostrar um bocadinho de nós e dos nossos territórios”.
Mais de 100 quilómetros percorridos e tantas experiências vividas desde o início desta aventura. “Quem corre por gosto não cansa” e a Estrada Nacional 2 ainda tem muito para nos dar. Já estamos de olho no próximo episódio: Castro Daire e São Pedro do Sul. Encontro marcado?