A Nacional 2 é Portugal
São raros os países que podem dar-se ao luxo de dizer que têm uma estrada que os atravessa de um lado ao outro. Portugal é um deles. Com um plus: o enquadramento não se repete ao longo da viagem.
Percorrer a rota da EN2 é mais do que conduzir numa mera estrada. É palmilhar um País inteiro e observar as mudanças na paisagem, na história, nos costumes e na gastronomia. Talvez por isso, a Estrada Nacional 2 seja muito mais do que a americana Route 66 ou do que a argentina Ruta 40. De Chaves até Faro, são 739 quilómetros (e alguns metros) que nos brindam com o quadro completo do nosso país: cidades ricas em património e lugarejos perdidos, curvas e contracurvas a atravessar as serras e a calmaria ao longo das planícies, diferentes paisagens naturais e monumentos, rituais pagãos e festas religiosas. Na diversidade de 11 distritos e 35 concelhos, é uma estrada que nos une. Está bem viva e continua a escrever a sua história.
Um pouco de História nunca fez mal a ninguém
Não será demais recordar que a Estrada Nacional 2 foi instituída a 11 de maio de 1945 no Plano Rodoviário Nacional. Antes de chegar ao nome atual, passou por outras designações, como Estrada Distrital 128 ou Estrada Nacional 19. Todavia, remete a um passado bem mais longínquo e funde-se com a própria História de Portugal. Ao longo do seu percurso, observam-se várias construções de arquitetura filipina que remontam aos tempos daquela que foi denominada Estrada Real. Esta, por sua vez, é a sucessora das milenares vias romanas, que já atravessavam a Lusitânia na era do Império Romano.
Em 2016, a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 (AMREN2), foi constituída com o objetivo de promover os territórios atravessados pela mítica estrada. E o sucesso está à vista.
Quantos dias demora a percorrer a Estrada Nacional 2?
Ora aí está uma pergunta que não tem uma única resposta, já que depende do ritmo e da disponibilidade de cada um. Para viver a experiência desta road trip com tudo a que temos direito, a nossa viagem far-se-á ao longo de doze semanas, nas quais percorreremos Portugal de uma ponta à outra, na sua companhia.
Uma lição aprendemos depressa: não dá para ver tudo. O ideal será identificar com antecedência os locais a que quer dedicar o seu tempo, para tirar o máximo partido da viagem. No entanto, é bom estar preparado para fazer alguns desvios inesperados – e algumas cedências no roteiro predefinido – porque há lugares que merecem mesmo ser visitados. Nesta viagem de descoberta, mais importante do que qualquer chegada é a caminhada em si. Despertámos-lhe o interesse? Verá que vale a pena.