SÁBADO

“Esta nossa Portugalid­ade é um motivo de muito orgulho para a marca”

Na liderança da Volkswagen em Portugal, Marília Machado dos Santos tem um desafio pela frente: acompanhar a tendência do mercado e a profunda transforma­ção da indústria automóvel, sobretudo no caminho para a sustentabi­lidade.

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“A forma de consumo dos jovens de hoje não tem nada a ver com a minha forma de consumo. É preciso acompanhar toda esta nova forma de estar em sociedade”

Élicenciad­a em Matemática Aplicada e mestre em Estatístic­a e Gestão da Informação. Está no setor automóvel há duas décadas. No início de 2021, em plena pandemia, assumiu a liderança da Volkswagen em Portugal, no cargo de diretora-geral. Em entrevista, Marília Machado dos Santos fala-nos do dia a dia de uma mulher na liderança de um setor tradiciona­lmente masculino, do caminho sustentáve­l traçado pelo grupo para o futuro e ainda nos deixa uma inside tip para Redescobri­r Portugal.

Uma mulher à frente de uma marca, numa indústria que é tradiciona­lmente masculina. Sentiu entraves quando entrou no setor automóvel? Hoje em dia sente diferenças?

Talvez hoje em dia já não. Na SIVA, no grupo PHS como um todo, e na Volkswagen também, existem várias mulheres em liderança. No entanto, há 20 anos, sim. Acho que era fruto da sociedade. Nós temos de nos valorizar pela nossa capacidade de trabalho, de entrega, pela nossa capacidade enquanto pessoa, e não tanto se é um homem que está no setor. A sociedade evoluiu muito. A forma como se vendiam automóveis há 20 anos, não é a forma como se vende hoje. A tipologia de pessoas que trabalhava há 20 anos também não é a que existe hoje. O setor automóvel tem estado constantem­ente em evolução. Nós próprios temos de nos desafiar a evoluir. Acho que equipas mistas fazem muito mais sentido porque temos formas diferentes de pensar e complement­ares. Fazem muito mais sentido.

É licenciada em Matemática Aplicada, foi até professora… O que a levou a seguir o caminho do setor automóvel?

Foi um bocadinho por acaso. Não era de todo a minha vertente dar aulas, foi uma oportunida­de que surgiu, e eu comecei nos automóveis na parte de estatístic­a. Hoje, cada vez mais, as empresas estão a valorizar este tipo de formação. Porque está na base do pensamento analítico, do raciocínio crítico, da forma como nos repensamos e como repensamos o futuro, em todas as áreas. Seja no marketing, seja nas vendas… Sobretudo, acho que me deu uma bagagem de raciocínio e não tanto de saber os conceitos teóricos da matemática.

A procura por novas oportunida­des foi uma constante no seu percurso. É importante para si ter sempre um novo desafio?

Têm de ser desafios que exijam também de mim aprender algo. Estar no setor há 20 anos e, durante esses anos, estar a fazer o mesmo não faz sentido. Daí eu achar que o setor automóvel nesta fase, mais nos últimos 10 anos, é muito gratifican­te, porque nós próprios temos de estudar e temos de acompanhar a tendência do mercado.

A forma de consumo dos jovens de hoje não tem nada a ver com a minha forma de consumo. E, portanto, é preciso acompanhar toda esta nova forma de estar em sociedade, e que nos obriga a adaptar e a tentar segui-la o mais próximo que conseguirm­os.

A posição hoje na Volkswagen é o topo da carreira ou há mais ainda por conquistar na vida profission­al?

Todos nós temos uma evolução de carreira, mas eu acho que nesta posição estou extremamen­te confortáve­l.

É algo que eu gosto muito de fazer. A Volkswagen não surge por acaso. O meu primeiro automóvel foi um Volkswagen e, portanto, estava destinado (risos). Estou numa posição com a qual eu me sinto confortáve­l, que me faz sentir bem em termos pessoais e profission­ais e, portanto, acho que que sim, que é um topo de carreira bastante interessan­te.

Como é o seu dia a dia, a rotina?

É uma rotina muito básica associada a um trabalho em escritório, que é demasiado em relação àquilo que eu pretendo como objetivo. Gostaria de passar muito mais tempo junto dos clientes, junto à rede de Concession­ários. E na Volkswagen é permitido fazer isso de uma forma muito consolidad­a. Estamos a falar de uma rede de 30 Concession­ários, de norte a sul do País e ilhas. Em termos um bocadinho mais pessoais, é uma rotina normal, é acordar cedo, é ajudar um pouco ali na manhã da casa. Eu tenho um filho e, portanto, é ajudar nas rotinas. E depois, ao

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