SÁBADO

Góis, a capital do Ceira

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“Cinco léguas ao Nascente de Coimbra, em um tão profundo vale situado entre as terras do Rabadão e Carvalhal, está fundada a Vila de Góis, banhada pelo Rio Ceira, em cujas correntes se acha bastante ouro e se pescam boas trutas”. (Padre António Carvalho da Costa, 1708)

Apenas dez quilómetro­s depois, Góis é de paragem obrigatóri­a (quilómetro 270). Aquela que é considerad­a a “Capital do Ceira” foi fundada na Idade Média, mas tem vestígios de ocupação pré-histórica e romana.

Entre o rio e a montanha, com uma geografia muito acidentada a par de um enquadrame­nto rural e natural de suma beleza, visitar Góis é uma sucessão de surpresas e de encantos. Além dos percursos pedestres, é conhecida dos motards daqui e d’além fronteiras devido à Concentraç­ão Internacio­nal de Motos que se realiza anualmente.

A pureza das suas praias fluviais enquadrada­s em paisagens de sonho é mais um chamariz para os visitantes. Localizada­s mesmo no centro histórico e unidas pelo cinematogr­áfico Passadiço do Ceira, deixámo-nos deslumbrar com a Praia Fluvial da Peneda, e o seu irresistív­el areal no meio do rio Ceira, e a Praia Fluvial do Pego Escuro.

Sobre o mesmo rio e perto destas praias, encontramo­s a quinhentis­ta Ponte Real, um dos ex-libris do concelho e da vila, observando as armas nacionais, a cruz de Cristo e a esfera armilar na sua estrutura, bem como os três arcos que a constituem. À entrada da ponte, eleva-se a Capela do Mártir de S. Sebastião que data do século XVIII.

Ir a Góis sem visitar as aldeias

de Xisto - pelo menos algumas, como optamos por fazer - vai saber a pouco. Isto porque as quatro aldeias de xisto de Góis (Comareira, Aigra Nova, Aigra Velha, Pena) estão entre as mais bonitas da Serra da Lousã. Nada como perambular pelas suas ruas, por entre casas cuja cobertura ainda é inteiramen­te feita com este mineral regional, para sentir o pulsar deste assombro quase

intocado pelo tempo, onde a tradição e os saberes estão vivos e de boa saúde.

E se o corpo pedir descanso, é só ir até à famosa Praia Fluvial das Canaveias.

Há muito mais para ver, nesta terra onde as horas teimam em passar devagar. Se tiver tempo, passeie nos cénicos Passadiços do Cerro da Candosa, que acompanham o curso do rio com o mesmo nome e desfrute de um dos maiores tesouros do centro de Portugal: a Garganta do Cabril da Ceira com panoramas que enchem todas as medidas.

Para adoçar a partida, leve as típicas Gamelinhas.

Mais um episódio, mais uma viagem pelo interior de Portugal. Não temos dúvidas que quem faz a Nacional 2, a leva o país no coração. Para já, levamos os 17 municípios por onde passámos, certos que há muita aventura à nossa espera. No próximo episódio estaremos em Pedrógão Grande, Vila de Rei e Sertã. Na sua companhia.

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