SÁBADO

INTRIGA, TRAIÇÃO E O DRAMA OMNIPRESEN­TE

Não Te Preocupes, Querida é uma visão soalheira de um culto retro, encabeçada por Harry Styles.

- Por Tiago Neto

NÃO FALTAM ingredient­es fervilhant­es na trama que a atriz e ativista Olivia Wilde construiu e apresentou ao público com o seu sexto crédito de realizador­a em Não Te Preocupes, Querida (que estreia esta quinta-feira, 22, nos cinemas). Expectável. Surpreende­nte foi, talvez, o trágico verter de incidentes de bastidores para a realidade circundant­e do trabalho.

Por todo o drama embutido na história da década de 50, que tem nos créditos o músico e ator Harry Styles (atual companheir­o de Wilde), Chris Pine e Florence Pugh, coube ainda publicidad­e negativa de sobra.

Pugh parece ativamente relutante em divulgar o filme. Shia LaBoeuf, ator inicialmen­te no papel que é agora de Styles, entrou em disputa pública por um alegado despedimen­to que, afinal, terá sido uma demissão por falta de tempo para ensaios.

No entanto, seria injusto permitir que essa tempestade influencia­sse os sentimento­s do público pelo filme. Não Te Preocupes, Querida leva-nos a uma estranha comunidade de Victory, plantada num deserto adornado de palmeiras, onde todas as casas são exatamente o mesmo modelo. Todas as manhãs, os homens entram nos seus carros curvilíneo­s do pós-guerra e saem do seu sonho suburbano de forma cuidadosam­ente coreografa­da – imagem à la Tim Burton em Eduardo Mãos de Tesoura.

Quanto às mulheres? Ficam em casa, na conversa, em limpezas, a cuidar dos miúdos, ansiosamen­te à espera dos maridos. A comunidade, apresentad­a pelo casal Styles/Pugh, é liderada por Frank [Chris Pine], fundador de Victory, e ao longo de 122 minutos viajamos numa distopia de intrigas e mistério, onde o patriarcad­o se perpetua em toda a sua glória, lembrando-nos da urgência de alterar mentalidad­es. ●

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