“Sem a perda do meu pai, não teria escrito os livros que escrevi”
Quando em 2001 recebeu das mãos de José Saramago o prémio literário homónimo do Nobel, José Luís Peixoto não tinha forma de prever a viagem em que iria embarcar. Ou talvez soubesse: a morte do pai empurrou-o para as palavras em Morreste-me (2000) e o idealismo que o movia na adolescência trouxe frescura à escrita. Não há explicação para esta “obsessão” de frases que constroem histórias, diz – nenhuma evidente, pelo menos –, mas é aí que tudo começa para o miúdo de Galveias, nascido em 1974, que nunca deixou de gostar de “música pesada”, que às irmãs agradece o apoio, à mãe a capacidade narrativa e à escrita “a oportunidade de viver em constante reflexão”.
Está prestes a iniciar uma senda de contos na intitulada Reis na Diagonal cuja sinopse se assemelha a alguns pontos da sua vida.
Na verdade, estes contos têm muito
SÁBADO
Dividida em quatro capítulos, Reis na Diagonal será publicada em fascículos semanais na a partir de 21 de dezembro pouca relação com a minha experiência pessoal. Identifico-me pouco com as personagens. Trata-se, sobretudo, de um enredo-tese, que pretende sugerir algumas ideias sobre a chamada realpolitik, as relações entre razão e emoção, o Portugal de hoje e de há 30 anos, entre outros assuntos. Tendo em conta de que serão publicados na SÁBADO esses temas foram pensados de acordo com as características desta revista que, semanalmente, lança um olhar sobre a atualidade portuguesa e do mundo. Nestes contos, para além da dimensão literária, há uma certa perspetiva sociológica, jornalística até.
“Como autores e como leitores, não somos alheios ao texto, fazemos parte dele”
Há um temor nostálgico na vida destes dois casais dos contos, não só nas pessoas mas na perspetiva destas sobre o espaço, que é a cidade de Lisboa. A Lisboa de hoje ainda tem alguma coisa da “sua” Lisboa?
Lisboa, para mim, começou por ser uma cidade com que sonhava.