A “verdade social” que não é nem verdade, nem social
Sigo, de algum tempo para cá, a rede social Truth Social criada por Trump, e se há espelho do que já existe e eventualmente do que aí vem na política americana, é este e é um completo susto. É, neste momento, a maior ameaça ao mundo democrático e ao chamado Ocidente. Esqueçam a
Hungria e os seus avatares na União Europeia, a ascensão eleitoral da extrema-direita, porque, entre outras coisas, pelo nanismo político europeu a Europa não é tão decisiva no mundo como nós pensamos. Já os EUA são hoje o mais importante pilar do mundo democrático e, embora sejam irregulares, desiguais, cheios de idiossincrasias que arrepiariam qualquer europeu, os EUA são uma democracia. Ainda são. Mas Trump e os trumpistas do MAGA são tão extremistas, de um extremismo com novos aspectos, que deixam a senhora Le Pen como uma moderada. E são, pelo menos, metade dos eleitores americanos.
Na Truth Social escrevem-se mensagens de raiva, ameaça, ressentimento, fúria contra os outros, de crença nas mais absurdas teorias da conspiração, a que o próprio Trump soma as suas mensagens sempre em letras maiúsculas, porque ele não cabe nas letras minúsculas, com sucessivas ameaças a todos os que lhe fazem sequer uma ténue oposição. Insulta-os, dá-lhes alcunhas e ridiculariza-os, sejam juízes, magistrados, testemunhas, advogados, jornalistas. Em qualquer país sério, tudo aquilo dava prisão, a somar aos crimes pelos quais está a ser julgado, mas esta “verdade” não tem nada de sério e muito de perigoso. O problema dos democratas é que, com algumas excepções são moles a defrontar este neofascismo agressivo, violento e completamente antidemocrático.
Para todos nós mostra como este radicalismo de direita é especialmente capaz de alimentar uma guerra civil, na verdade o objectivo último da sua actuação para abrir caminho a uma ditadura. Eu sei bem o peso das palavras que estou a usar, até porque as uso muito pouco para evitar a banalização. Mas a Truth Social, Trump e os trumpistas merecem-nas todas.
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