PASSEIO POR TERRAS DE VISEU
Terra de vinho, queijo, maçã, história e natureza, Penalva do Castelo tem histórias e percursos para descobrir à beira da serra da Estrela. É aqui, num palacete barroco do século XVIII, que está o único hotel português incluído na rede de Paradores espanhóis.
Penalva do Castelo fica a 25 quilómetros de Viseu, capital do distrito onde está inserida. Faz parte da Beira Alta, na região Centro de Portugal, e de Lisboa leva-se cerca de 3h30 de carro até lá chegar. Do Porto, é ainda mais perto - menos de duas horas. Pode até nem ser um dos destinos turísticos mais óbvios em Portugal, mas, olhando com atenção, acabamos por nos surpreender com o que lá se encontra.
Só em 1957 a vila passou a ter o nome oficial de Penalva do Castelo. Antes, foi Castendo e também foi conhecida por Vila Nova de Santo Sepulcro ou Vila Nova do Mosteiro. Tudo porque ali estava instalada, num mosteiro, a Ordem Militar e Canónica de Jerusalém ou Ordem do Santo Sepulcro. Nestas terras onde os rios Coja, Carapito, Dão e Lugares são essenciais à cultura de regadio, depressa a agricultura se desenvolveu e a população encontrou um poiso útil e de uma beleza natural invulgar.
Não é de estranhar que, desde tempos antigos, o ser humano aqui tenha criado raízes. Bons exemplos disso são a Anta do Penedo do Com, o Castro de Paramuna ou várias pontes e estradas romanas. No
Um dos pontos de interesse mais badalados da região é a Casa da Ínsua, mandada construída no século XVIII – visite o palacete, o restaurante, o terraço, a capela e as pinturas
século XIII, já estabelecida como povoação, aqui chegaram, além dos religiosos, várias famílias de fidalgos que, ao longo dos séculos seguintes, construíram casas senhoriais e palacetes.
Um deles é o ponto de interesse mais badalado da região de Penalva do Castelo - a Casa da Ínsua. A casa como hoje a podemos ver foi mandada construir no século XVIII (cerca de 1780) por Luís de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, Governador e Capitão-General de Cuiabá e Mato Grosso, no Brasil. Além dos escudos de armas, dos tetos com pinturas originais e de diversos utensílios artesanais trazidos do outro lado do Atlântico, o palacete tem dois outros locais que merecem destaque e visita: o terraço e a capela.
Sendo esta uma região de agricultura e pecuária, os bons produtos não poderiam faltar. A Casa da Ínsua é produtora de vinho Dão, queijo Serra da Estrela DOP, azeite e compotas, além de daqui sair a famosa maçã Bravo de Esmolfe, originária da aldeia com o mesmo nome, no concelho de Penalva do Castelo. Tem mais de 200 anos de história e apreciadores em todo o país. Se quiser ter uma experiência gastronómica com a presença de todos estes produtos da região, fica a sugestão do restaurante Casa da Ínsua. Contrastando com o ambiente clássico do palacete, a sala de jantar é um elemento contemporâneo num conjunto que oferece arte, arquitetura e pormenores dos últimos três séculos.
Em Penalva do Castelo, destaque ainda para a Igreja da Misericórdia, cujas obras de
construção se iniciaram no final do século XVIII, e para o Mosteiro do Santo Sepulcro (na freguesia de Trancozelos), monumento nacional de que já só resta a igreja dedicada a Santa Maria de Águas Santas de Vila Nova do Mosteiro.
Atualmente, a Casa da Ínsua faz parte da cadeia Montebelo Hotels & Resorts e é a única unidade portuguesa inserida na rede espanhola de Paradores de Turismo. O hotel tem 35 quartos (entre eles, seis suites e cinco apartamentos), está inserido na Quinta da Ínsua e tem muito para descobrir, entre edifício principal, jardins (impressionantes) e área agrícola.
Um dos roteiros propostos aos hóspedes é, precisamente, o do Palácio. Passa pelo Claustro, a Ala do Arco e pelas diversas antigas casas de apoio em redor, como a Casa da Quinta, a Casa do Pomar ou o Salão Príncipe da Beira. Do terraço, a vista para os jardins merece o seu tempo e um passeio a pé vai permitir conhecer o Jardim Francês, o Inglês, o de Aromas ou o Canteiro das Castas. Pelos caminhos impecavelmente cuidados, há painéis indicativos que nos levam a uma constante descoberta, mas se quer ficar com toda a informação, com guia entendido nos assuntos, basta escolher o roteiro mais apropriado (consultáveis no site montebelohotels.com). Além do referente ao Palácio, há percursos pré-estabelecidos dedicados à Capela, aos Jardins, ao Vinho (com marca no mercado desde 1852) e aos Brasões, entre muitos outros. Há dois que primam pela diversidade histórica e entram bem no rol de sugestões. Um é dedicado à Fábrica de Gelo que aqui funcionou no século XIX, alimentando toda a região Centro. O outro tem como personagem principal Zé Pedro, guitarrista e um dos rostos dos Xutos & Pontapés. O músico era descendente de Francisco de Albuquerque Castro, seu 9º avô materno e tetravô de Luís de Albuquerque, fundador do solar no século XVIII. A Casa da Ínsua foi cenário do primeiro episódio do programa Quem é que tu pensas que és e Zé Pedro, o convidado de honra.
A ida a Penalva do Castelo, além de um passeio pela história e pelos produtos portugueses, é também uma boa oportunidade para baixar as rotações neste início de ano. ●