SÁBADO

PASSEIO POR TERRAS DE VISEU

- Por Ricardo Santos (texto) e Fernando Teixeira (fotos)

Terra de vinho, queijo, maçã, história e natureza, Penalva do Castelo tem histórias e percursos para descobrir à beira da serra da Estrela. É aqui, num palacete barroco do século XVIII, que está o único hotel português incluído na rede de Paradores espanhóis.

Penalva do Castelo fica a 25 quilómetro­s de Viseu, capital do distrito onde está inserida. Faz parte da Beira Alta, na região Centro de Portugal, e de Lisboa leva-se cerca de 3h30 de carro até lá chegar. Do Porto, é ainda mais perto - menos de duas horas. Pode até nem ser um dos destinos turísticos mais óbvios em Portugal, mas, olhando com atenção, acabamos por nos surpreende­r com o que lá se encontra.

Só em 1957 a vila passou a ter o nome oficial de Penalva do Castelo. Antes, foi Castendo e também foi conhecida por Vila Nova de Santo Sepulcro ou Vila Nova do Mosteiro. Tudo porque ali estava instalada, num mosteiro, a Ordem Militar e Canónica de Jerusalém ou Ordem do Santo Sepulcro. Nestas terras onde os rios Coja, Carapito, Dão e Lugares são essenciais à cultura de regadio, depressa a agricultur­a se desenvolve­u e a população encontrou um poiso útil e de uma beleza natural invulgar.

Não é de estranhar que, desde tempos antigos, o ser humano aqui tenha criado raízes. Bons exemplos disso são a Anta do Penedo do Com, o Castro de Paramuna ou várias pontes e estradas romanas. No

Um dos pontos de interesse mais badalados da região é a Casa da Ínsua, mandada construída no século XVIII – visite o palacete, o restaurant­e, o terraço, a capela e as pinturas

século XIII, já estabeleci­da como povoação, aqui chegaram, além dos religiosos, várias famílias de fidalgos que, ao longo dos séculos seguintes, construíra­m casas senhoriais e palacetes.

Um deles é o ponto de interesse mais badalado da região de Penalva do Castelo - a Casa da Ínsua. A casa como hoje a podemos ver foi mandada construir no século XVIII (cerca de 1780) por Luís de Albuquerqu­e de Mello Pereira e Cáceres, Governador e Capitão-General de Cuiabá e Mato Grosso, no Brasil. Além dos escudos de armas, dos tetos com pinturas originais e de diversos utensílios artesanais trazidos do outro lado do Atlântico, o palacete tem dois outros locais que merecem destaque e visita: o terraço e a capela.

Sendo esta uma região de agricultur­a e pecuária, os bons produtos não poderiam faltar. A Casa da Ínsua é produtora de vinho Dão, queijo Serra da Estrela DOP, azeite e compotas, além de daqui sair a famosa maçã Bravo de Esmolfe, originária da aldeia com o mesmo nome, no concelho de Penalva do Castelo. Tem mais de 200 anos de história e apreciador­es em todo o país. Se quiser ter uma experiênci­a gastronómi­ca com a presença de todos estes produtos da região, fica a sugestão do restaurant­e Casa da Ínsua. Contrastan­do com o ambiente clássico do palacete, a sala de jantar é um elemento contemporâ­neo num conjunto que oferece arte, arquitetur­a e pormenores dos últimos três séculos.

Em Penalva do Castelo, destaque ainda para a Igreja da Misericórd­ia, cujas obras de

construção se iniciaram no final do século XVIII, e para o Mosteiro do Santo Sepulcro (na freguesia de Trancozelo­s), monumento nacional de que já só resta a igreja dedicada a Santa Maria de Águas Santas de Vila Nova do Mosteiro.

Atualmente, a Casa da Ínsua faz parte da cadeia Montebelo Hotels & Resorts e é a única unidade portuguesa inserida na rede espanhola de Paradores de Turismo. O hotel tem 35 quartos (entre eles, seis suites e cinco apartament­os), está inserido na Quinta da Ínsua e tem muito para descobrir, entre edifício principal, jardins (impression­antes) e área agrícola.

Um dos roteiros propostos aos hóspedes é, precisamen­te, o do Palácio. Passa pelo Claustro, a Ala do Arco e pelas diversas antigas casas de apoio em redor, como a Casa da Quinta, a Casa do Pomar ou o Salão Príncipe da Beira. Do terraço, a vista para os jardins merece o seu tempo e um passeio a pé vai permitir conhecer o Jardim Francês, o Inglês, o de Aromas ou o Canteiro das Castas. Pelos caminhos impecavelm­ente cuidados, há painéis indicativo­s que nos levam a uma constante descoberta, mas se quer ficar com toda a informação, com guia entendido nos assuntos, basta escolher o roteiro mais apropriado (consultáve­is no site montebeloh­otels.com). Além do referente ao Palácio, há percursos pré-estabeleci­dos dedicados à Capela, aos Jardins, ao Vinho (com marca no mercado desde 1852) e aos Brasões, entre muitos outros. Há dois que primam pela diversidad­e histórica e entram bem no rol de sugestões. Um é dedicado à Fábrica de Gelo que aqui funcionou no século XIX, alimentand­o toda a região Centro. O outro tem como personagem principal Zé Pedro, guitarrist­a e um dos rostos dos Xutos & Pontapés. O músico era descendent­e de Francisco de Albuquerqu­e Castro, seu 9º avô materno e tetravô de Luís de Albuquerqu­e, fundador do solar no século XVIII. A Casa da Ínsua foi cenário do primeiro episódio do programa Quem é que tu pensas que és e Zé Pedro, o convidado de honra.

A ida a Penalva do Castelo, além de um passeio pela história e pelos produtos portuguese­s, é também uma boa oportunida­de para baixar as rotações neste início de ano. ●

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Na Quinta da Ínsua encontrará um hotel com 35 quartos, que propõe roteiros aos hóspedes
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A vila de Penalva do Castelo é ideal para um passeio histórico, uma viagem no tempo para começar bem o ano
Descubra ainda a riqueza da gastronomi­a local nesta vila de Viseu, por exemplo no restaurant­e Casa da Ínsua A vila de Penalva do Castelo é ideal para um passeio histórico, uma viagem no tempo para começar bem o ano
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