O MOZART DE HOLLYWOOD
John Williams foi nomeado para um Óscar aos 91 anos. O autor das bandas sonoras de Indiana Jones e Harry Potter é a pessoa mais velha a ser nomeada e não se quer reformar.
A MÚSICA DE GUERRA DAS ESTRELAS FOI CONSIDERADA A MELHOR PELO INSTITUTO AMERICANO DE CINEMA
Pode não conhecer o nome, mas reconhece imediatamente a sua música. As duas notas que tornaram famoso o filme Tubarão, de Steven Spielberg, foram compostas por John Williams, o compositor eleito do realizador norte-americano. Foi ele ainda que compôs as bandas sonoras de sagas que se tornaram ícones do cinema mundial: Indiana Jones, Guerra das Estrelas e Harry Potter. Aos 91 anos, foi este ano nomeado para um Óscar pela música que dá ambiente ao quinto filme protagonizado por Harrison Ford, Indiana Jones e o Marcador do Destino, tornando-se a pessoa mais velha a ser nomeada. Mas não é uma novidade para o músico, considerado pelos compositores cinematográficos como um dos maiores da história do país. No ano passado, aos 90 anos, já tinha estabelecido esse recorde quando foi nomeado pela banda sonora de Os Fabelmans, também de Spielberg. E a 54ª nomeação da sua carreira, pode bem não ser a última.
Durante décadas, John Williams dedicou-se ao cinema. Começou nos anos 50, primeiro a tocar piano e depois a compor. Nos anos 70, o então inexperiente Steven Spielberg procurava alguém que gerasse medo através da música. “Quando todos diziam que Tubarão os tinha afastado da água com medo, foi o Johnny que os assustou”, diz o realizador ao New York Times. “A música dele é mais assustadora do que ver o tubarão.”
Tragédia familiar
Musicou todos os filmes de Steven Spielberg. Seguiu-se a Guerra das Estrelas, considerada a melhor de todos os tempos pelo Instituto Americano de Cinema, em 2005. “Ele escreveu a banda sonora das nossas vidas”, considera o maestro venezuelano e amigo Gustavo Dudamel. Nessa altura, ficou viúvo da atriz Barbara Ruick, vítima de um aneurisma aos 41 anos, com três filhos pequenos. A tragédia fê-lo dedicar-se ao trabalho. Nas décadas que se seguiram, improvisava notas sentado ao seu piano Steinway, em Los Angeles, EUA, enquanto estudava as cenas dos filmes. À tarde revia o que tinha composto e criava composições sinfónicas e grandiosas, comparadas às bandas sonoras dos anos de ouro de Hollywood.
A pandemia quebrou-lhe a rotina, teve tempo para tocar partituras de Mozart e Beethoven e percebeu que queria ter mais tempo para compor a sua própria música. “Já não quero fazer filmes”, disse em 2022. “Na minha idade, seis meses de vida é muito tempo.” Garantira que este Indiana Jones seria o seu último trabalho. Mas já mudou de ideias. “Se eles fizerem o Indiana Jones 6, contem comigo.” ●