O GUIDANCE PROJETA O FUTURO SEM TRAUMAS
Tendo como tema “A Humanidade da Dança”, a 13.ª edição do Festival Internacional de Dança Contemporânea de Guimarães decorre de 1 a 10 de fevereiro. Com 10 espetáculos programados, está “menos eurocêntrico”, diz o seu diretor.
EM 2023, o GUIdance assumia a “trans_formação” como mote programático. A edição deste ano, que acontece de 1 a 10 de fevereiro, propõe a humanização da dança a partir do contacto com outras culturas. Nota-se uma evolução e um alcance maior do olhar, quer temporal quer geograficamente.
É um festival agora “menos
GUIdance • De 1 a 10 fev., Guimarães €2 a €10 (por espetáculo)
eurocêntrico”, que estimula o encontro e uma remissão histórica: “À importância de entendermos os rituais e de os reinterpretarmos, queremos sair libertos para escrever o futuro de outro modo, sem traumas”, diz o diretor, Rui Torrinha.
O exercício é coletivo e requer compromisso e responsabilidade, duas exigências para uma programação em que há uma aproximação a África. A 13ª edição abre com Bantu (1 fev.), criação de Victor Hugo Pontes, que reúne um elenco de bailarinos portugueses e moçambicanos para apontar caminhos possíveis de superação comum.
Já Time and Space: The Marrabenta Solos (2 fev.), do criador moçambicano Panaibra Gabriel Canda, explora a crise de identidade do corpo africano, enquanto Boca Fala Tropa, do angolano Gio Lourenço (3 fev.), tem por base o movimento kuduro, mostrando-o como uma “forma de salvação”. Por fim, a criadora e intérprete Piny leva ao GUIdance G.rito (3 fev.) estilhaçando espaço e tempo.
Piny será também a protagonista de uma sessão de dança espontânea no Grupo Recreativo 20 Arautos, no dia 8 às 19h, para a qual todos estão convocados. “A programação paralela é importante na criação de pontes de relação com o público”, diz Rui Torrinha sobre os debates, as conversas com coreógrafos e as masterclasses.
Voltando à programação central, nota para a relação com a Ásia, nomeadamente com Taiwan. É deste estado insular que chegam duas estreias nacionais: bulabulay mun? (10 fev.), do coletivo de dança Tjimur Dance Theatre, e Beings (9 fev.), criação premiada internacionalmente, coreografada e interpretada por Yeu-Kwn Wang.
Destaque ainda para duas “mulheres fortes” no festival: Diana Niepce, com Anda Diana (10 fev.), e Gaya de Medeiros, com Atlas da Boca (8 fev.), que, de formas distintas, estimulam “a expressão da diferença”. A 13ª edição do GUIdance conta também com o regresso do premiado coreógrafo britânico Wayne McGregor, que vai apresentar UniVerse: A Dark Crystal Odyssey (3 fev.), “uma espécie de ecotupia” de urgência climática. ●
O festival, que decorre em espaços como o Centro Cultural Vila Flor, o Teatro Jordão e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães, quer abrir caminho a um futuro social diferente