A NOVA GERAÇÃO DO TOYOTA C-HR
Ao contrário dos seus concorrentes, o novo C-HR não vai ter uma versão 100% elétrica. E se a versão híbrida plug-in chegará ainda em 2024, a versão híbrida HEV, com 140 cavalos de potência combinada, já está em Portugal. A partir de 36.900 euros.
AÍ ESTÁ a segunda geração do Toyota C-HR, o crossover SUV com que há alguns anos a marca japonesa tentou mudar a perceção do público sobre o design dos seus carros. Porque se ninguém tinha a mínima dúvida quanto à fiabilidade de um Toyota, em matéria de design o cenário era um pouco diferente – “estiloso” não seria o primeiro adjetivo a vir à tona quando se pensasse num Toyota. Até que o primeiro C-HR surgiu para mudar o estado das coisas, com a sua traseira arrebitada em jeito de coupé, linhas atrevidas e portas traseiras pouco ortodoxas.
A nova geração – desenhada, projetada e fabricada na Europa – dá seguimento a esse legado, com mais tecnologia, espaço, descontração e eletricidade. A SÁBADO experimentou a versão com motor a gasolina de 1800 cc (1,8 HEV) munido com a 5ª geração do sistema híbrido da Toyota, em que a bateria recarrega sozinha com o andamento do carro. Mas uma versão híbrida plug-in, para ligar à tomada, chegará em breve a Portugal. Ao contrário dos seus dois principais rivais, o novo C-HR não vai ter uma versão 100% elétrica.
A versão híbrida tem uma potência combinada de 140 cavalos, entre os cavalos do motor de combustão e os do motor elétrico – a bateria é de apenas 0,9 kWh. Este sistema híbrido deveria permitir consumos muito baixos e circular em modo totalmente elétrico entre 50% e 60% do tempo. Deveria, mas não foi o que se verificou nos 432 quilómetros em que circulámos com ele em Lisboa e nos aventurámos num passeio de fim de semana a Tomar.
Na autoestrada gastaram-se 7 litros ao 100 na ida e 6,7 na vinda. Em registo urbano, as médias rondaram os 5,7 litros
– números muito superiores aos anunciados pela marca e aos registados noutros ensaios de imprensa. Motivo mais do que suficiente para mencionar o caso a um representante da Toyota depois de devolver o carro. “Pois, de facto, não é suposto gastar isso. É uma questão de habituação. Levei um igual de férias há pouco tempo e as médias rondaram os 5 litros aos 100”, ouvimos.
Refira-se, em defesa do C-HR, que o trajeto urbano do ensaio envolveu cruzar várias das sete colinas de Lisboa, e
A maior desilusão foi o desfasamento entre a expectativa do consumo e a realidade – fora isso, conduzir o Toyota C-HR é uma experiência que se recomenda
que, por sinal, só no dia da devolução – em que se evitaram as colinas, se desceu até ao rio, se subiu pela Av. da Ceuta até ao Eixo Norte-Sul e de lá para a Segunda Circular – se conseguiram médias abaixo dos 5 litros, como seria suposto. Também não terá ajudado, na verdade, que o condutor sofresse da síndrome de pé pesado.
A maior desilusão foi precisamente esse desfasamento entre a expectativa do consumo e a realidade. Fora isso, conduzir o Toyota C-HR é uma experiência que se recomenda. Com 4,36 m de comprimento, o que significa menos 3 cm do que a primeira geração, tendo, por outro lado, crescido 4 cm para os lados e 1 cm em altura, este é um SUV que desafia algumas lógicas da física. Parece mais pequeno do que é, o que pode causar dissabores na hora de estacionar – pensa-se que cabe, mas vai-se a ver e não.
E, para quem tem uma posição de condução elevada, como mandam as regras dos SUV (mesmo as dos crossover), o C-HR dá a sensação de curvar como um kart. A suspensão parece absorver todas as irregularidades do piso, lombas e buracos como um campeão. Muitas marcas têm sistemas que corrigem a trajetória caso se esteja na iminência de sair da faixa de rodagem, mas poucas o conseguem de forma tão suave. O mérito é do Toyota Safety Sense, que, por outro lado, não poderia ser mais estridente nos avisos sonoros de estacionamento.
O novo C-HR não é só substância continua a ter estilo, e muito. Comece-se pela assinatura luminosa com faróis horizontais à largura da traseira, onde se vê, bem ao centro e integrado na faixa de luz vermelha, a inscrição “Toyota C-HR”, para que quem vá atrás não tenha dúvidas sobre quem tem à frente. Passe-se pelo design do interior, que dá uso a materiais reciclados e sem origem animal, em que se destaca o tejadilho panorâmico e o cockpit inteligente. E termine-se no design do som – limpo e afinado, a fazer cócegas nos tímpanos –, provavelmente sem paralelo em carros deste segmento.
O C-HR está disponível em três gamas com diferentes equipamentos, a Square Collection, a Comfort e a Lounge (que a SÁBADO experimentou).
A partir de 36.900 euros. ●
Paraquemtem uma posição de condução elevada, como mandam as regras dos SUV, o C-HR dá a sensação de se curvar como um kart – a suspensão parece absorver todas as irregularidades