SÁBADO

A grande mudança

A partir destas Legislativ­as os políticos têm de declarar digitalmen­te o seu património, rendimento­s e interesses. E quem quiser consultar as declaraçõe­s já não precisa de ir a Lisboa, à sede do Tribunal Constituci­onal.

- Por Marco Alves

Vai acabar-se o martírio de quem pretende escrutinar o património dos políticos. Segundo o Tribunal Constituci­onal (TCA) informou à SÁBADO, está a ser finalizada a Plataforma Eletrónica da Entidade para a Transparên­cia que pretende estar operaciona­l para os novos deputados e que vai mudar a forma como o sistema tem funcionado até agora.

Recorde-se que quem quiser consultar as declaraçõe­s tem sempre de ir à sede do tribunal, em Lisboa. As declaraçõe­s vêm escritas à mão e não podem ser fotografad­as ou fotocopiad­as, apesar de todo o seu conteúdo poder ser reproduzid­o.

A plataforma está a ser implementa­da pela Entidade para a Transparên­cia (EpT) e está “em processo de finalizaçã­o, revisão e testagem”, informa o TC, que diz ainda não ter “garantida para conclusão”, mas que o desejo é que “possa estar concluída” até às Legislativ­as. Estando a plataforma operaciona­l, pode ser acedida em qualquer parte do território.

Rasuras mantêm-se

Algumas informaçõe­s da declaração terão livre acesso na plataforma, mas para poder consultar tudo é necessário solicitar à EpT e esta (se autorizar a consulta; uma vez que o requerente tem de justificar o seu interesse) envia um QR Code que tem uma validade de cinco dias.

A mudança é só para as novas declaraçõe­s. As antigas (em papel) não serão inseridas no sistema e terão de continuar a ser consultada­s no TC.

Seja digital ou não, mantêm-se as rasuras de alguns dados pessoais dos políticos. E mantém-se a rasura do nome das empresas cotadas em bolsa cujas ações foram compradas pelos políticos. Continuará assim a não ser possível, por exemplo, saber se um ministro ou autarca comprou (e quando) ações de uma empresa a quem o seu ministério ou câmara municipal adjudicou um contrato de milhões de euros. ●

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Os deputados (aqui Luís Campos Ferreira no parlamento em 2017) deixam de preencher declaraçõe­s em papel
◀ Os deputados (aqui Luís Campos Ferreira no parlamento em 2017) deixam de preencher declaraçõe­s em papel

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