A LAGARTIXA E O JACARÉ
O “prognóstico” de caos pós-eleitoral continuará, a não ser que nos caia uma maioria absoluta em cima, que é da ordem de probabilidades de morrermos com um meteorito. Não é impossível, apenas porque nada é impossível Daqui a uns dias, vota-se
As pessoas, por acomodação psicológica, pensam que existe uma correlação racional entre causas e efeitos no devir da história. É a nossa precária mente a funcionar, porque a “mente” da história não existe. Há caos e surpresa e quase sempre a ordem causal dos acontecimentos obedece à regra dos “prognósticos só no fim do jogo”, por muito que a gente queira ver ordem onde há acaso e caos. As eleições daqui a uns dias são um exemplo disso. Muitas vezes políticos e comunicação social hostil ao Governo tinham pedido a dissolução da Assembleia durante o ano terrível para o PS de 2023. Mas a probabilidade de tal acontecer era diminuta e, de repente, verificou-se a surpresa da história, caiu o Governo, dissolveu-se a Assembleia e o “prognóstico” de caos pós-eleitoral continuará, a não ser que nos caia uma maioria absoluta em cima, que é da ordem de probabilidades de morrermos com um meteorito. Não é impossível, apenas porque nada é impossível. ●
problema é a 11 de Março e não a 10
O 11 de Março foi um dia fatídico para o curso dos eventos pós-25 de Abril e não é por acaso que ninguém quer comemorá-lo, nem os vencedores, nem os vencidos. Aliás, há também alguma ironia no facto de os comemoradores do 25 de Novembro se terem esquecido do 28 de Setembro e do 11 de Março. Vamos ter um 11 de Março com estragos no sistema democrático muito maiores do que os de 1975, mas espera-se que sem mortos a não ser “mortos políticos”, que haverá. ●
A nostalgia pelo PCP
É interessante ver uma certa nostalgia pelo PCP perante a possível derrota eleitoral nas urnas, com a perda crítica no plano parlamentar. Essa nostalgia existe mesmo à direita, e estou a falar da genuína nostalgia e não de cinismo, porque o PCP fazia parte do sistema democrático e da sua paisagem. Aliás, a nostalgia de um PCP perdido acaba de ser mais forte do que com o CDS, que agora se arrasta como anexo do PSD na AD. O PCP sobreviverá, não morrerá, mesmo quase sem grupo parlamentar, mas não é a mesma coisa estabilizar-se como pequeno partido na cauda política, seguindo o destino dos partidos comunistas europeus que até agora tinha conseguido evitar. ●
Como vai sobreviver o PCP
O PCP sobreviverá por duas razões que ficarão muito fragilizadas mas existem: uma, porque é um partido assente numa comunidade cuja identidade lhe está associada, pessoas, famílias, associações, locais, etc., outra, por causa da influência nos sindicatos. Mas a sua crise, na qual tem um papel significativo a sua ligação à Rússia de Putin (vejam-se os comentários sobre Navalny) e a atitude ambígua sobre a invasão da Ucrânia, causas que mesmo para muitos militantes são absurdas, criou um travão a uma possível recuperação. Porém, o PCP deixará certos sectores sociais ór