EM MÉRIDA, SÊ ROMANO
A capital da Estremadura orgulha-se do seu passado e mostra-o em cada esquina. Há herança romana para descobrir, além da gastronomia e da leveza do lazer à espanhola.
AUGUSTA EMERITA, chamaram-lhe os romanos. E tinham boas razões para isso. A cidade foi fundada, há 2.049 anos, por ordem do imperador Otávio Augusto, para alojar os veteranos das guerras cantábricas. Augusta como digna de respeito, sagrada, majestosa, distinta; Emerita como jubilada, terminada, insigne. Ideal para receber militares em fim de carreira, pensou o imperador, que mandou construir, no interior das muralhas, um património inestimável que chegou a este tempo. É essa história que podemos apreciar quando caminhamos pelas ruas de Mérida, a capital da Comunidade Autónoma espanhola da Estremadura.
Está mesmo aqui ao lado, a 65 quilómetros de Badajoz. Tem cerca de 60 mil habitantes e um Conjunto Monumental e Arqueológico classificado como Património da Humanidade pela UNESCO desde 1993. É por lá que encontramos o anfiteatro, o teatro e o circo romanos, figuras maiores numa cidade que recebe anualmente mais de 250 mil visitantes. Para tornar o cenário ainda mais cinematográfico, contribuem o Aqueduto dos Milagres, a Cidadela muçulmana, o Arco de Trajano (uma das imagens de marca da cidade) e o Templo de Diana, bem como diversos conventos, igrejas, palácios e a imponente ponte romana sobre o rio Guadiana, uma das mais longas construídas à época.
Para entender melhor a extrema importância de Mérida durante o período Romano, há que visitar o Museu Nacional de Arte Romana de Mérida. É um dos mais completos museus de arte romana do mundo, com uma extensa coleção de estátuas, bustos, mosaicos e colunas, além de objetos do quotidiano. O edifício é um projeto de Rafael Moneo, arquiteto distinguido com o Prémio Pritzker em 1996, que criou um museu de dimensões fora do normal, recorrendo à inspiração dos arcos romanos.
Aproveite para visitar o Museu Nacional de Arte Romana de Mérida, projeto de Rafael Moneo, arquiteto distinguido com o Prémio Pritzker em 1996
Por apenas 3 euros, prepare-se para uma visita com tempo, por vários pisos, a começar nas joias escondidas do subterrâneo.
Mérida é uma cidade com vida, de dia e de noite. As suas praças, ao jeito de toda a Estremadura, estão repletas de esplanadas onde os produtos da região são servidos de forma cuidada e descomplexada. Há ofertas para todos os gostos, além de uma oferta comercial vasta, com diversas opções quanto a recordações de viagem. Nos meses de verão (julho e agosto), acontece o Festival Internacional de Teatro Clássico, um dos mais antigos de Espanha. Vai para a 70ª edição, remontando a primeira à década de 1930, e decorre no Teatro Romano, um anfiteatro poderoso e num estado de conservação assinalável.
UMA HISTÓRIA CHEIA
Depois da fundação da cidade e de ter sido capital da província da Lusitânia, Mérida foi alvo das invasões bárbaras do século IV. Alanos, visigodos e suevos foram alguns povos
que por ali passaram. Manteve importância estratégica e acabou conquistada pelos árabes em 713.
Nos anos seguintes houve tentativas de rebelião e, a partir do século IX, Mérida entrou em declínio. A reconquista por parte dos reis católicos só se deu em 1230, pelas tropas de Afonso IX de Leão. Os séculos posteriores ficaram marcados pelo apoio e pela influência da Ordem de Santiago, tendo a cidade sido
Nos séculos XIX e XX, tudo mudou para Mérida: de uma cidade com 3.000 habitantes, chegou aos 45 mil moradores, fruto da ferrovia, da indústria e do turismo
fundamental para a colonização da América, tendo diversos capitães e conquistadores saído de Mérida para essas paragens. Nos séculos XIX e XX, tudo mudou. De uma cidade com cerca de 3.000 habitantes, Mérida chegou aos 45 mil, fruto da chegada da ferrovia e do desenvolvimento da indústria. Em 1983 foi designada capital da Estremadura e a classificação da UNESCO fez o resto, ajudando a impulsionar o turismo. ●