SÁBADO

DIÁLISE PERITONEAL

- Texto da exclusiva responsabi­lidade dos seus subscritor­es Rui Filipe Nefrologis­ta, direção da ANADIAL

Quando os rins deixam de funcionar, a medicina proporcion­a terapêutic­as de substituiç­ão, que podem passar por transplant­e, hemodiális­e ou diálise peritoneal. O transplant­e é a alternativ­a que melhor substitui os rins doentes. No entanto, nem todos os doentes são passíveis de serem transplant­ados e, em algumas situações, é necessário manter o doente equilibrad­o até ao transplant­e. Essa estabiliza­ção é conseguida mantendo o doente em diálise: hemodiális­e feita habitualme­nte três vezes por semana numa unidade de saúde ou diálise peritoneal. A diálise peritoneal é uma técnica que utiliza a membrana peritoneal (que envolve internamen­te toda a cavidade abdominal) para realizar trocas com o sangue, permitindo a limpeza de resíduos do funcioname­nto do organismo e a Este processo é conseguido introduzin­do um do doente na cavidade abdominal. Para que tal, é implantado na parede abdominal, com anestesia, um cateter (cateter de Tenckhoff) um mês antes do início do tratamento. A diálise peritoneal é um processo indolor e repetido diariament­e, 3 a 4 vezes ao dia, consoante a condição clínica do doente, realizado de modo autónomo ou mecanizado por uma máquina pré-programada. Ao longo dos anos, a indústria tem desenvolvi­do líquidos dialisante­s mais biocompatí­veis e - tamento e minimizar os efeitos secundário­s do tratamento. É o carácter de auto-tratamento que confere uma das vantagens desta técnica, pela liberdade que proporcion­a aos doentes, com menor - ração com a hemodiális­e. Além disso, a menor necessidad­e de transporte­s entre a clínica e domicílio acarreta inerentes vantagens económicas para o Sistema Nacional de Saúde, para além do conforto para o doente. Apesar da vantagem de se tratar de uma modalidade autónoma, sem a necessidad­e de apoio de a modalidade assistida em doentes mais dependente­s, que podem usufruir da técnica com ajulares ou Unidades de Cuidados Continuado­s). Segundo os dados da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, em 2022, 881 doentes realizavam este tipo de tratamento, correspond­endo a 6,4% do total de doentes renais crónicos em diálise em Portugal. Apesar das inúmeras vantagens enumeradas, não existe uma modalidade ideal ou universal, pelo que importa ter um sistema de saúde que ofereça aos doentes as diferentes opções terapêutic­as que o estado da arte disponibil­iza, de modo integrado, para minimizar o impacto na vida dos doentes.

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