SÁBADO

TERRORISMO INVESTIGAD­O ATÉAOFIM

A hipótese de atentado foi logo descartada por vários responsáve­is, mas só este ano o MP afastou esse cenário

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Do diretor nacional da Polícia Judiciária Luís Neves, ao Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, passando pelo então primeiro-ministro António Costa, foram vários os responsáve­is que vieram a público pouco depois do ataque no Centro Ismaili para afastar a possibilid­ade de um atentado terrorista. Todavia, nessa altura, ninguém sabia exatamente o que estava em causa e o Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal (DCIAP) não tinha afastado totalmente essa possibilid­ade. Pelo menos é isso que revela o despacho do Ministério Público que, antes da acusação, arquivou o crime de terrorismo que tinha sido imputado ao afegão.

De acordo com esse documento, a que a SÁBADO teve acesso, toda a investigaç­ão foi conduzida como se de um atentado se tratasse. Logo no início do processo, o DCIAP indicou que seriam investigad­os três crimes de homicídio qualificad­o mas que não estava, “no entanto, afastada a possibilid­ade de que os factos” possam “integrar a prática de três crimes de infração terrorista”. Depois de recordar que a investigaç­ão dos crimes de terrorismo é uma matéria exclusiva do DCIAP, a procurador­a titular do caso fez questão de deixar escrito que, durante meses, a real motivação do ataque foi desconheci­da. Só a análise da prova digital, o resultado da perícia psicológic­a e a chegada de um conjunto de informaçõe­s pedidas às autoridade­s gregas permitiu, já este ano, esclarecer a real “motivação e a natureza dos crimes” e “afastar, totalmente, a natureza terrorista da intenção do arguido”. ●

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