DONOS TESTAMO ADNDOSCÃES
Há cada vez mais pessoas que querem saber se o seu animal tem predisposição para doenças ou simplesmente identificar a raça.
Oseu cão terá predisposição para uma doença letal? O animal que adotou no abrigo é cruzado de beagle ou de boxer? Muitos donos de cães procuram respostas para a estas questões e por isso os testes de ADN canino estão no auge nos Estados Unidos e em Portugal.
Muitos criadores e veterinários usam testes de ADN para detetar eventuais problemas de saúde em cães de raça pura ou rafeiros. O ADN de um cão também pode ser usado para comprovar a sua linhagem ou identificar a raça – uma ferramenta útil para os donos que procuram desafios comportamentais ou de saúde específicos da raça ou para os que pretendem confirmar se o seu cão realmente tem a linhagem “vendida” pelo criador.
A popularidade destas provas surgiu há cerca de duas décadas e nos últimos anos explodiu nos Estados Unidos, onde quase 40% das famílias têm pelo menos um cão. Em Portugal, os testes de ADN caninos são igualmente uma tendência. “Há cada vez mais donos a fazer estas análises, sobretudo para identificar variantes genéticas correlacionadas com doenças hereditárias. Existem raças com predisposição para certas doenças. Por exemplo, alguns pastores fazem estes testes para a determinação do MDR1. Ou seja, vai indicar se o animal tem predisposição para ser afetado por alguns medicamentos como a Ivermectina”, explica à SÁBADO Ilda Gomes Rosa, professora de Comportamento e Bem-estar Animal na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.
O teste é feito a partir de uma amostra de saliva do animal e pode custar cerca de 100 euros. Mas os laboratórios vendem pacotes com o despiste de diversas doenças. Se for por patologia fica mais caro. A veterinária considera que os criadores devem cumprir requisitos, mesmo que não sejam obrigatórios, por uma questão de ética: “Há raças em que pode haver uma grande predisposição para o aparecimento de glaucoma. Portanto, só deverei cruzar cães que não sejam nem portadores nem estejam afetados pela doença.”
O TESTE É FEITO A PARTIR DE UMA AMOSTRA DE SALIVA DO ANIMAL E PODE CUSTAR CERCA DE 100 EUROS
Determinar a raça de um cão
Na análise, os laboratórios sequenciam o ADN do animal e procuram semelhanças com um conjunto de dados de raças de cães identificadas. Mas a identificação da raça não é tão simples quanto possa parecer.
Num estudo publicado no Journal of the American Veterinary Medical Association, os cientistas analisaram o rigor da previsão da raça em testes genéticos, que exigiam uma fotografia do cão, além da sua amostra de ADN. Os resultados foram variados, diz Casey Greene, professor de Informática Biomédica da Universidade do Colorado e coautor do estudo: “A maioria dos testes conseguiu distinguir com precisão a linhagem dos cães de raça pura.” Contudo, o estudou revelou que algumas empresas confiam mais nas fotografias para comparar os cães do que na genética real do cão. Portanto, as conclusões dos especialistas revelam que existem grandes diferenças entre as práticas das empresas e os conjuntos de dados genéticos que utilizam para determinar as raças de cães.
Mesmo que se obtenham informações precisas sobre a raça de um cão, elas podem não estar tão ligadas ao seu comportamento. Uma análise genética, feita em 2022 a mais de 2.000 cães de raça pura e cruzados, descobriu que o comportamento estava mais ligado às características individuais do que às raças. ●