PISA: A TORRE E TANTO MAIS
À distância de um voo direto, a cidade de Pisa é uma janela inesperada para conhecer a Toscana. Da história ao prato, Itália nunca desilude.
saído do Porto aterra em Pisa, na região italiana da Toscana, a denominação do aeroporto serve logo de apresentação para o destino histórico que nos preparamos para visitar. Leva o nome de Galileo Galilei, astrónomo e físico dos séculos XVI e XVII, defensor de o Sol estar no centro do Universo e, por isso, considerado herege pela Inquisição católica. Acabou por se retratar, passando os últimos 10 anos da sua vida em prisão domiciliária, e hoje é um dos filhos da terra mais mediatizados, a par do tenor Andrea Bocelli e do escritor Antonio Tabucchi.
Pisa é conhecida essencialmente pela sua torre inclinada e é a ela que se referem quase todos os viajantes, mas uma visita a esta cidade italiana com cerca de 100 mil habitantes vai mostrar que há muito mais para ver e conhecer. De qualquer forma, começamos logo pelo óbvio, para não de
A cidade italiana funcionou em tempos como porto comercial e marítimo. São as escavações arqueológicas e os relatos de Virgílio, na Eneida, que o confirmam
fraudar expectativas. A torre é o campanário da catedral, que se encontra mesmo ali ao lado, na área monumental do Campo dos Milagres, onde também está o batistério e o cemitério, completando a oferta patrimonial. Começou a ser construída em 1173 e, logo nos primeiros anos, a inclinação fez-se notar. Más fundações e solo movediço provocaram o erro que lhe deu fama. Ao longo dos séculos, a torre com cerca de 56 metros de altura e pouco menos de 300 degraus tornou-se imagem de marca da cidade, mas quando a inclinação chegou a 5,5 graus (em 1990), começaram as obras de contenção. Neste momento, está cifrada em cerca de 4 graus, o que ainda assim dificulta a subida pelas escadas, causando sensações de desequilíbrio e náuseas ao longo do percurso, mas a vista do topo compensa todo o esforço. Outra forma de apreciar melhor esta praça monumental é do alto das muralhas, um percurso curto mas compensador.
Passear por Pisa permite que se possam descobrir mais de 20 igrejas históricas, vários palácios medievais, museus e pontes sobre o rio Arno, o mesmo que cruza Florença – em alguns pontos do percurso junto ao rio, as parecenças geográficas de ambas as cidades fazem sentir-se. Esta é também uma cidade universi
tária desde o século XII, o que se percebe nas noites animadas, que não se ficam apenas pelo fim de semana. No centro histórico não faltam restau
Pisa não fica apenas pelas atrações históricas. No centro da cidade vai encontrar muitos restaurantes, bares e esplanadas, para desfrutar da gastronomia da região
rantes, bares e esplanadas para conviver ao longo do dia e da noite. Faça como para chegar a Roma, vá perguntando e sinta-se desarmado ou desarmada pela simpatia dos habitantes locais.
O Museu dos Navios Antigos (navidipisa.it) é uma boa forma de entender melhor a história desta cidade que, em tempos, teve o mar à porta. Hoje está a 10 quilómetros da costa, mas esteve a apenas quatro – a diferença deve-se aos sedimentos depositados pelo rio. São as escavações arqueológicas que o confirmam, mas também os relatos de Virgílio, na Eneida, que descreviam Pisa como um grande centro comercial e marítimo.
Neste museu com mais de 10 mil metros quadrados de área expositiva, o que sobrou de diversas embarcações romanas (mais de 30) e do que transportavam, serve de aperitivo para a história de poder, ciência e cultura que se apreende a cada esquina de Pisa dobrada. E depois, convém não esquecer que esta é a região da Toscana e, quanto a vinhos e comida, estamos conversados. É só seguir as nossas dicas para ter uma experiência inesquecível. ●