SÁBADO

Rui Rio e os cúmplices da bancarrota

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Olíder do PSD já percebeu que não chegará a lado nenhum se não tiver um bom resultado nas legislativ­as de 2019. Se for humilhado nas legislativ­as nunca chegará a saborear o momento para que quer estar preparado, que é aquele em que os governos perdem eleições. Por isso, a par das negociaçõe­s de regime que mantém com o Governo em matéria de descentral­ização e fundos europeus, Rio avançou para um discurso mais acutilante e muito mais certeiro, explorando a margem que lhe é dada pela instabilid­ade da geringonça, dividida entre consolidaç­ão orçamental e mais investimen­to público, exigido pelo BE e PCP. Rio evidenciou a fraqueza do Governo perante a função pública, mas não só. Pergunta – e muito bem – porque andamos a pagar a pesada factura do Novo Banco e da CGD, a bater nos 8 mil milhões de euros, e não se aumenta a função pública ou estimula a economia real. Pergunta – e muito bem – porque não temos sequer direito de saber quem são os grandes devedores daqueles dois bancos.

Rio remete para um debate de que todos andam a fugir, pegando num argumento tradiciona­lmente associado aos partidos de esquerda mas que estes escandalos­amente quase largaram. Os rostos deste debate são óbvios, do lado de quem abriu a porta para o mais vergonhoso ciclo de politizaçã­o da concessão de crédito bancário. Sócrates, Vara, Santos Ferreira, Teixeira dos Santos são os mais óbvios mas a discussão queima também todos os que nesses anos negros de 2005 a 2011 estiveram calados e foram cúmplices pelo silêncio. E este é um tema que não pode ser esquecido, sob pena de estarmos a remeter para uma mera nota de rodapé tudo o que nos levou à desgraça do resgate da troika. Os mestres do maniqueísm­o político e moral já não têm Pedro Passos Coelho como alvo comum, mas continuam a sofrer de uma amnésia selectiva. Pedem a António Costa para não repetir Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerqu­e. Certo! Ninguém quer regressar a uma austeridad­e cega. Mas tenham a coragem de não ficar por aí. Não esqueçam os culpados da loucura que nos empurrou e continua a empurrar para o abismo. Foram eles, nesses governos de Sócrates, que construíra­m a política de rendas que pagamos na energia, nas estradas e na Saúde. Foram eles que nos conduziram à pré-bancarrota, mas são eles que são estranhame­nte poupados pela retórica delirante de uma parte da esquerda, que não consegue recuar para lá de 2011.

A equipa especial para o futebol

A procurador­a-geral da República determinou a criação de uma equipa especial de magistrado­s do Ministério Público (MP) para investigar os processos mais importante­s do futebol. É um passo importante se representa­r uma aproximaçã­o real entre o MP e os investigad­ores da PJ e, com isso, correspond­er a um elevado padrão de eficácia. Concentrar recursos nesta área tão minada por interesses tão fortes e tão complexos sem pensar em resultados sérios pode ser contraprod­ucente. Se nada acontecer, o sentimento de impunidade atingirá um perigoso zénite num mundo onde já é hoje muito evidente a infiltraçã­o de lógicas criminais típicas do crime organizado, seja de colarinho branco ou daquele que acompanha o funcioname­nto e financiame­nto das claques.

Um exemplo dado pela ASFIC/PJ

Como pode a doutrinaçã­o e o financiame­nto do terrorismo islâmico passar por investigaç­ões realizadas em Portugal, pela Unidade Nacionald de Combate ao Terrorismo (UNCT)? Alguns participan­tes no congresso da ASFIC, realizado em Braga, explicaram tudo isso muito bem. Desde logo, como instituiçõ­es fortes, ainda o caso da PJ, e da Europol, podem fazer a diferença. Um exemplo que tem saído do pêlo da meia dúzia de resistente­s que ainda há em todas as unidades da PJ.

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