SÁBADO

Fiem-se no boom e nas taxas de juro baixas e não corram

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O que tenho dito e repetido é que este modelo da troika, e do “passismo” aperfeiçoa­do por Centeno não é sustentáve­l porque não correspond­e às necessidad­es do País para resolver os seus problemas estruturai­s, que estão longe de dependerem apenas do défice e da dívida. A tentativa de o tornar “longo” não entra em conta com o processo democrátic­o, depende de uma pressão externa “europeia” cujos efeitos negativos no nosso desenvolvi­mento são péssimos, limita decisivame­nte a nossa autonomia para escolher políticas de desenvolvi­mento mais razoáveis para garantir que o País cresça e que não esteja sempre tudo preso por um fio. Centrar toda a política na redução do défice para o zero e pensar que os seus efeitos não geram mecanismos perversos, quer na saúde do País, quer na sua impreparaç­ão perante crises, quer no seu escasso desenvolvi­mento – e Portugal continua a crescer muito devagar, e não é por acaso - é uma visão estreita e de vistas tão curtas como o valor do défice zero. É pouco agradável fazer de Cassandra, que ao prever desgraças foi tomada como louca, mas se se tivesse destruído o cavalo de Tróia, como ela insistiu com Príamo para o fazer, talvez Tróia se tivesse salvo.

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