PÁTRIA APÁTRIDA “COMPANION” JUDAICO
A reedição de Pátria Apátrida, do alemão W. G. Sebald (1944-2001), dá a medida do sucesso do autor num país que só o descobriu depois de morto. Figura incontornável do academismo alemão, ensaísta brilhante, Sebald notabilizou-se junto do grande público por intermédio das suas reflexões sobre decadentismo, identidade e memória. Os ensaios reunidos em Pátria Apátrida detêm-se com especial minúcia numa plêiade de autores de língua alemã, casos de, entre outros, Franz Kafka, Hermann Broch, Peter Handke, Charles Sealsfield, Leopold Kompert e Joseph Roth. Em consequência, a questão judaica é um tema em pauta: Para leste, para oeste. Aporias das histórias de gueto em língua alemã é, dos textos coligidos, um dos mais aliciantes. Sebald faz close reading das obras e de autores estudados, com remissões de vária ordem (sociológica, política, literária), mas a clareza da escrita, sempre fluente, induz a leitura. Vejamos, sobre O Castelo, de Kafka: “O fado da família Barnabas é uma sociologia sinóptica do povo judeu. Na sua consequência mais extrema, a conclusão é que a minoria oprimida…” Um leitor menos apetrechado, mas não fútil, procurará inteirar-se do quadro geral. E só tem a ganhar. v EP