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SOLIDARIED­ADE FEITA À MEDIDA

O ateliê solidário que abriu em 2023 em Nova Iorque, em que refugiados são artesãos, foi responsáve­l por um fato para os Óscares

- Texto: Rui Pedro Pereira Fotografia­s: Arquivo, Redes sociais e Dreamstime

Éem 57 Great Jones Street, perto da Ukranian Village e de Washington Square Park, em Nova Iorque, Estados Unidos, que a atriz Angelina Jolie se tem dedicado nos últimos meses ao Atelier Jolie, um espaço de artesanato e alfaiatari­a que reúne artistas locais e que reutiliza peças em desuso para lhes dar novas formas, o chamado “upcycling”. Mulher de diversas causas (ver caixa), a estrela de Hollywood junta agora um universo que muitos apelidam “fútil” – o da moda –, às causas sociais para organizar uma cooperativ­a de artistas que preservam o ambiente – trabalham com materiais artesanais e tecidos desperdiça­dos.

Atriz, produtora e cineasta, Angelina não quer ser uma “designer de moda”, como referiu em entrevista à revista “Vogue”. “Quero só construir uma casa para que as outras pessoas o sejam”, assegurou. A família está ativamente envolvida no ateliê e Pax, de 19 anos, um dos filhos em comum com o ator Brad Pitt, desenhou o grafitto que acompanha o logótipo do ateliê, que abriu portas em dezembro de 2023.

“Sempre quis que a minha família pensasse assim: a tua roupa representa-te? Acho que a maioria das pessoas não acha isso, mas a alfaiatari­a consegue fazer isso por nós”,

justificou a intérprete na mesma entrevista.

“Porque vivemos na nossa roupa, é uma parte de quem somos. Isso é importante de explorar, sobretudo entre os jovens.”

Na última gala dos Óscares foi o ateliê o responsáve­l pelo vestido da artista e escritora Suleika

Jaouad. O modelo desenhado pela atriz foi feito numa seda, um tecido delicadame­nte plissado em tom cinza luminoso, 100% reciclado. A cauda era coberta por uma ilustração feita pelo artista Chaz Guest, para ressaltar a paixão de Suleika pela pintura. “Como em todos os projetos dentro deste ateliê, o nosso objetivo é tornar a roupa personaliz­ada e ser ousado e criativo em conjunto”, referiu a atriz. “O meu vestido foi desenhado pela única Angelina Jolie, uma pintura inspirada na American Symphony do brilhante artista Chaz Guest. Normalment­e, tenho medo de me vestir para

este tipo de coisas. Mas a Angelina fez-me sentir tão linda e tão visível”, escreveu Suleika Jaouad nas redes sociais.

Preços acessíveis

Quanto aos preços, são acessíveis, por o negócio dar prioridade à solidaried­ade: um arranjo custa 10 dólares (9,50 euros) e as peças de roupa podem custar 300 dólares (285 euros). Para a artista, este foi um projeto que decidiu agarrar com unhas e dentes e no qual começou a olhar mais para si própria. “Tem sido terapêutic­o para mim – trabalhar num espaço criativo com pessoas em que confiamos e a redescobri­rmo-nos.” No site do ateliê – atelierjol­ie.com –, Angelina Jolie referiu que só é usado “material de qualidade”. “Podemos reparar peças que queiram reavivar e trazer-lhes uma nova vida”, resumiu. “Queremos criar uma comunidade criativa e que inspire, sem olhar à realidade socioeconó­mica. Estamos a juntar uma equipa diversa, com refugiados, com dignidade naquilo que são os seus talentos. Queremos partilhar a riqueza cultural dos nossos colaborado­res e ajudá-los a desenvolve­r os seus próprios negócios”, concluiu a atriz e cineasta.

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Angelina Jolie durante a prova do vestido da artista Suleika Jaouad, que destaca a pintura
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A escritora, aqui com o músico Jon Batiste, destacou o trabalho da atriz

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