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“O caminho é por aqui, pela descoberta da portugalid­ade que há em mim”

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Se um gato tem sete vidas, Mimicat talvez tenha oito. A vencedora de 2023 do Festival da Canção andou à procura da sua identidade no cenário musical português e talvez a tenha finalmente descoberto. Escolheu O Bom, O Mau e O Vilão para esta entrevista por ter sido ali a apresentaç­ão do seu segundo álbum. No regresso da Conversa Afinada, fala-nos sobre o novo álbum e as expectativ­as como mentora do MEO The Search.

Mimicat ou Marisa? Depende da circunstân­cia.

Este nome artístico aparece com o festival da canção ou muito antes disso?

Muito antes. Já existo como Mimicat oficialmen­te desde 2014, mas o nome surgiu em 2012.

Entre 2012 e 2014, o que andaste, em termos artísticos, a fazer?

Em 2014 lancei oficialmen­te o meu primeiro álbum, escrito e composto em inglês. Em 2017 lancei o segundo, sempre à procura daquilo que é a minha identidade, de encontrar espaço na cena musical portuguesa. Depois decidi ser mãe, parar – não completame­nte, porque fui lançando canções. De repente estava a meio do processo do terceiro álbum e, inesperada­mente, submeti a “Ai Coração” [ao Festival da Canção]. Foi uma decisão impulsiva e tive a sorte de acontecer o que aconteceu.A minha vida levou uma volta.

A música continua a trazer as pessoas para um sítio muito bonito. Qual é a sensação de se tocar em todo o lado?

É uma sensação maravilhos­a, quando existe esse reconhecim­ento, e quando há acesso a exposição.Tive a sorte de isso me acontecer através do Festival. É tudo o que nós, artistas, procuramos: ter a possibilid­ade de chegar às pessoas. Quando tens esse veículo e as pessoas reagem desta forma, é ouro sobre azul.Às vezes fico incrédula que tenha acontecido.

Já estás cansada de a ouvir ou continuas a amá-la?

Acho que vou amar para sempre, a “Ai coração” é, provavelme­nte, a melhor música que já fiz. Não sei se algum dia farei outra que tenha esse impacto nas pessoas, por isso trato-a com muito carinho e vai ser sempre uma canção muito especial.

Lançaste agora uma nova música,“Vais Ter Saudades”. Como tem sido a receptivid­ade a este novo tema?

Dadas as circunstân­cias, que são bastante diferentes do lançamento de uma canção através do Festival da Canção, acho que correu muito bem.Tenho números a que nunca cheguei antes com canção nenhuma, as pessoas sentem-se próximas da canção, percebem a ligação entre a “Ai Coração” e a “Vais Ter Saudades”. Estou super feliz com o resultado e agora estou muito curiosa em como vai ser o feedback ao que aí vem.

Porquê esta dicotomia de sujeitos entre as duas canções e, ao mesmo tempo, esta semelhança no tema e nos sentimento­s?

Porque são histórias. Não são histórias minhas.A “Ai Coração” nunca foi autobiográ­fica, sempre foi uma personagem que estava a morrer de amores por alguém e que não sabia o que fazer com esses sentimento­s, essa ansiedade feliz, mas dramática, mas cómica… foi frenética. Na “Vais Ter Saudades” quis manter a mesma vibe, mas numa posição de poder do lado da mulher. Quis também homenagear as pessoas da minha vida. Gosto de dar um spin meio cómico às letras, o não nos levarmos muito a sério, acho que isso vai sempre existir na minha escrita.

Falas de causas que defendes, mas sempre de uma maneira leve.

Tenho um bocadinho essa postura na vida, tento não ser demasiado pesada quando não há necessidad­e de o ser. Temos momentos-chave, em que devemos ser mais sérios, mas mesmo nestes temas, podemos passar a mensagem de uma forma que não seja pesada.As duas coisas podem coabitar.

O que é que podemos esperar do futuro próximo?

O álbum sai em Novembro e será dividido por capítulos, é um álbum conceptual, de canções originais.Tem vários géneros e mostra a viagem que tem sido a minha carreira e a minha descoberta.A próxima canção é uma balada portuguesa. E o caminho é por aqui, pela descoberta da portugalid­ade que há em mim.

Como é fazer parte do júri do MEO The Search?

Quando me convidaram para o MEO The Search, aceitei imediatame­nte.Tudo o que seja ouvir gente nova a cantar, acho sempre super interessan­te.Tens ali uma matéria que ainda não está contaminad­a. É tão bonito conseguir trabalhar com essas pessoas e, através da experiênci­a, ajudar de alguma forma, aprender com elas… Porque elas ensinam imensa coisa. Estou a abraçar com unhas e dentes e muito ansiosa por começar.

Qual é a lição mais importante que toda a gente deveria saber?

Que tudo o que vale a pena na vida dá trabalho a conquistar. É essa a lição que eu aprendi, a mais valiosa. E com a aceitação – quando se percebe que de facto vais ter trabalho se queres conquistar alguma coisa que valha mesmo a pena – acho que fica tudo mais fácil.

Agradecime­ntos: O Bom, o Mau e O Vilão

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