“Não podemos fazer mais”
Ljubomir Stanisic confessa-se desiludido, à TV Guia
Fomos testar o último restaurante de Pesadelo na Cozinha e o balanço é chocante: voltou tudo à velha rotina. Ignoraram o drama da gordura e da sujidade, dispensaram as fardas e até mudaram o nome. Pior era impossível
Adona do restaurante Rio Minho, Eugénia, chorou à frente de Ljubomir Stanisic, a figura central de Pesadelo na Cozinha, que a TVI transmite, com sucesso, aos domingos. Chorou com medo de perder um negócio que estava na amargura. Chorou por não se entender com a cozinheira. Chorou quando o chef lhe limpou o espaço imundo. Curiosamente, só não chorou quando ele lhe chamou “porca.” Stanisic vomitou no programa, passou-se perante a inércia da empresária ou a passividade do marido que serve às mesas, do empregado que se baralha nos pedi dosou da cozinhe iraque era quase a rainha do pedaço. A TV Guia foi almoçar na quinta-feira, dia 16, ao Rio Minho e testá-lo no papel de “cliente-mistério”. O resultado? Vai descobrir uma realidade diferente do final feliz a que assistiuna TVI, na noite de domingo ,19. O pedido de “mesa para um” foi logo atendido e a cadeira não podia ser a “melhor” do restaurante: tinha uma das traves laterais partidas com a ponta lascada apontada à tíbia do re-
pórter, facto que o demoveu de se alargar em grandes mexidas no assento.
Pedida a ementa, que pretendíamos fotografar para memória futura, fomos logo informados de que a escolha “do menu é na parede ”– como sublinhado –“Tudo incluído ”. Assim foi. Embora com dificuldade, porque a cabeça de um freguês não deixava adivinhar, ao longe, o cardápio todo. “Uma sopa de couve lombarda, um ado sede rojões”, foi o pedido, comain evitável pergunta sobreseeram “à minhota” (aceitável,numa casa que tem Rio Minho no frontispício). O estranho pedido arrancou o único sorriso, de gozo, claro, ao sisudo e triste empregado, que, no programa, descobrimos chamar-se Pedro e ser o taciturno marido da dona. “Ah, se fosse à minhota, era com tripas e não me parece que seja o que quer ”, esclareceu, decretando :“É melhor comer rojões normais.” Perante a impera ti vida de, nem perguntámos pelas opções de guarnição e, por isso, arriscámos a pior de todas: “Com batatas fritas, por favor ”, seguido do pedido de“vinho da casa”. Já a “rezar” para que o liquído com que se empurra o sólido salvasse a mastigação. Pelo menos a pinga era boa .... Como optámos pelado sede 8.50€, as entradas restringiram-se a uma manteiguinha de pacote comum pão fatia do rijo ... que nem deu tempo de mastigar, tão rápido foi o empregado no gatilho. Num minuto, tínhamos uma sopa de couve lombarda rija e um pouco gordurosa, servida numa malga de pirex branco, perseguida num tirinho de segundos pela grandiosa dose de rojões rijos com batatas fritas a boiar em óleo em bandeja de alumínio. Uma aventura destas só termina com uma sobremesa. Optámos pela mousse de chocolate, que chegou em pequenas couvetes plásticas, daquelas próprias para levar comida para casa. Uma solução estranha. Do que vimos na TVI, percebemos ter vivido uma miragem: Stanisic rebaptizou o espaço, com o nome Pátio Sete, os donos mudaram de novo para Rio Minho, assim que o café lhes ofereceu os toldos. As fardas dadas pelochef,e tão efusivamente celebradas, essas, desapareceram. Comum a sardinha estampada ao peito, devem dar imenso jeito para servir de pijama ...
“Se os rojões fossem à minhota, era com tripas e não me parece que seja o que quer” O empregado
Pedro