Das drogas ao sucesso
Com um passado marcado pelos excessos, que o atiraram para o hospital, o cantor é, hoje, o orgulho dos pais, Helena Isabel e Paulo de Carvalho. “Era erva, era o que calhasse”, recorda o jurado de Dueto Perfeito
Agir, ou melhor Bernardo, era apenas uma criança de 12 anos quando os pais, o cantor Paulo de Carvalho e a actriz Helena Isabel, se separaram. Ele é o único filho fruto desta relação de amor, apesar de ter mais quatro irmãos, por parte do progenitor.
Na época, Agir lidou mal com a separação dos pais e acabou por enveredar pelo caminho das drogas. “Bebi uma cerveja e não gostei. Experimentei um cigarro e não gostei. Experimentei outras coisas e comecei a gostar”, confessou no programa Alta Definição, da SIC. No entanto, os pais nunca desistiram dele. “O meu pai sempre esteve presente, apesar de viver com a minha mãe e ter sido ela a pessoa mais próxima e que mais sofreu com tudo”, revelou o artista, agora em entrevista à revista Flash!
Há 17 anos, Agir foi-se afundando, numa espiral de loucura que durou entre os 12 e os 20 anos. E o maior pesadelo da mãe, Helena Isabel, concretizou-se. “Assusta-me o problema da droga, porque tenho um filho com nove anos”, confessava a actriz, em 1997, em entrevista à revista Mulher Moderna.
Durante uma década, Helena Isabel começou a ver os comportamentos diferentes do filho. O corpo a ficar completamente tatuado. As orelhas furadas com alargadores. Como se tudo espelhasse revolta. “Muitas vezes, contrata um modelo para fazer de conta que é o filho”, brinca Agir, na mesma entrevista à Flash!, que aconteceu antes de o cantor encher os coliseus do Porto e de Lisboa, em Novembro de 2016. “Os coliseus são salas com uma magia diferente. Por isso, para mim, é muito especial poder cantar nestas salas”, acrescentava o jovem, que hoje é um dos mais populares cantores e músicos da sua geração.
Apesar de tudo, Paulo de Carvalho, o pai que agora volta a trabalhar com Agir, “sempre esteve presente”. “Mas fui-me habituando a algumas ausências que eram naturais, em dois pais que tinham estas profissões. Tal como para mim era natural que as pessoas os abordassem na rua. Cresci com isso”, afiançava Agir.
EM PERIGO DE VIDA
Com os consumos regulares de drogas, Agir foi deixando os estudos para segundo plano. “Dos 12 aos 20, ‘queimei-me’. Desde que acordava até que me ia deitar tudo era uma névoa”, explicou no Alta Definição. Acabou por ficar pelo 9.º ano de escolaridade. “Estava num mundo à parte, aquele era o meu estado normal. Não via nada de tão errado nisso. Era erva, era o que calhasse.”
Foi também neste programa da SIC que Agir admitiu ter tido um valente susto que o fez ganhar consciência do perigo que corria e o levou a dar a volta por cima. “Aos 20 anos, larguei de um dia para o outro, apanhei um susto de saúde, um ataque de ansiedade que depois passou para ataque de pânico. Houve um afastamento natural. Mereci um par de estalos muitas vezes e até chegaram a faltar.” Hoje, é o orgulho dos pais. À TV Guia, Helena Isabel não esconde “uma grande alegria por saber que o meu filho foi o primeiro elemento do júri a ser escolhido”. Isso quer dizer que confiam nele.” Quanto a trabalhar ao lado do pai, a actriz assevera: “Eles têm uma enorme cumplicidade. Isso vai passar para os espectadores e ajudar, creio eu.”