Nasceu uma nova mulher
Foram cinco dias a caminhar ao lado de amigos e desconhecidos. O percurso, as histórias das outras pessoas, o tempo em silêncio obrigaram a jornalista da TVI a pensar sobre si mesma e isso trouxe algumas descobertas
Ana Sofia Cardoso, de 34 anos, foi até Fátima para descobrir mais sobre si mesma, não por ser religiosa, nem por querer encontrar a fé. Estava motivada apenas por uma curiosidade imensa sobre a peregrinação e acabou por ter “uma experiência maravilhosa”. Encontrámos a jornalista da TVI em Alcácer do Sal, pouco antes de receber o título de embaixadora do Alentejo pela Entidade Regional do Turismo. A conversa logo inclinou-se para as histórias da sua peregrinação até ao Santuário, que realizou há apenas alguns dias e ainda guarda as emoções.
“Sinto que o melhor desta peregrinação não foi chegar a Fátima. É o percurso. E eu não percebia muito bem essa coisa de as pessoas dizerem ‘chegar a Fátima’. Que é ‘muito emocionante’. Não achei muito emocionante, porque, de alguma forma, Fátima já está muito grande, não é intimista, nem acolhedor, como já foi”, conta Ana Sofia Cardoso, à TV Guia: “No entanto, quando passamos a placa a dizer ‘freguesia de Fátima’, correram-me as lágrimas e não sei porquê. Agora quase que choro [emocionada]. Foi uma coisa imediata.”
LÁGRIMAS E PROMESSAS
Na realidade, a jornalista da TVI nem sabe muito bem por que é que teve vontade de chorar. “É emocionante porque levas cinco dias e são mais ou menos seis horas por dia a caminhar, 30 e tal quilómetros por dia, e tens tempo para pensar em muita coisa: na vida, no que queres fazer no futuro, o que estás a fazer mal, o que é que podes melhorar”, confessa a jornalista, á nossa revista: “Noto agora que é uma reflexão que estou preparada para fazer no dia-a-dia. Já depois de chegar de Fátima, se eu estiver parada num sítio qualquer, consigo retomar a minha lógica de introspecção e conhecimento interior enquanto estou parada e isso, de alguma forma, ajuda-me a estar em tranquilidade a maior parte do tempo.”
Foram cinco dias em que Ana Sofia Cardoso tomou “decisões sobre caminhos a seguir, não decisões de vida”. “Coisas que eu sei que quero alcançar e as estratégias para isso. Aconselho toda gente a ir a Fátima, pelo percurso, pelo momento de introspecção e pela capacidade que isso dá no nosso dia-a-dia quando estamos com um bocadinho de tempo livre.”
A próxima paragem já está a planear: San-
tiago de Compostela. “Talvez para o ano...”, avisa.
PREPARADA PARA OS DESAFIOS
A viagem a Fátima serviu também para fazer uma pausa no seu trabalho, que diz ter tanto gosto e pelo qual muitas vezes abdica de estar com a família e os amigos por causa de uma notícia. “Adoro trabalhar e sou muito empenhada e dedicada. Ainda me encaro num início de muito trabalho, [numa fase] de abdicar muitas vezes da vida pessoal, de querer fazer outras coisas e não poder, porque queremos nos dedicar ao trabalho, de muitas vezes deixar de estar com a família e os amigos porque temos gosto em ir trabalhar, mesmo quando, às vezes, não nos pedem, mas queremos estar naquele momento, porque há alguma notícia que nos desperta e que nos move”, revela. Hoje em dia, a jornalista trabalha a pensar que tem que estar preparada para o que vem depois, refere, acreditando que por isso é que é uma “pessoa muito segura” das decisões que toma, bem como da forma como encara a vida e como olha para o futuro. “Por isso é que eu gosto tanto de desafios. Sei que, quando eles chegarem, vou estar preparada.”
ENGANO VIRAL NA INTERNET
Nem o facto de ter visto um dos seus erros na televisão tornar-se viral nas redes sociais acaba essa insegurança. Quem se lembra da jornalista da TVI que leu uma publicidade de A Guerra dos
Tronos como se fosse notícia? “O inverno está a chegar...” A frase caiu mal numa semana de vários incêndios. Pois é. Foi Ana Sofia Cardoso e em poucas horas toda gente já falava e ria sobre o lapso. Eis a reacção da jornalista: “Vi aquilo com completa naturalidade. Nós sabemos como é a Internet, alimenta-se dessas coisas e desses lapsos. Acabei por me rir com a situação. Acho perfeitamente normal que assim seja.”
“ESTOU APAIXONADA PELA VIDA”
Sobre a vida pessoal, não revela quase nada. Apenas que, se não fosse jornalista, gostaria de ser inspectora da Polícia Judiciária. E que, além do curso de Comunicação Social, estudou também Gestão Bancária. De resto, quer tudo no foro privado,apesardosorrisoestampado no rosto. “Estou apaixonada pela vida. Sou apaixonada pelo Alentejo!”