TV Guia

FALTAM LÍDERES

- POR PAULO ABREU CHEFE DE REDACÇÃO

1. A SIC faz 25 anos nesta sexta-feira, dia 6. Está, por isso, de parabéns, embora longe dos tempos – de ouro, diga-se – em que esmagava a RTP e a TVI, fruto do trabalho dos seus profission­ais, da sua ousadia e irreverênc­ia, capacidade de surpreende­r, de um jornalismo de rigor, da lufada de ar fresco no entretenim­ento. Sem dinheiro – mas o que tem, também o gasta mal –, a verdade é que Gabriela Sobral, Luís Proença, Júlia Pinheiro e Daniel Oliveira – tanta gente a mandar em Carnaxide, valha-me Deus – não conseguem encontrar uma solução para contrariar a TVI, rival que é uma miragem dos tempos de Moniz. O que falta então à SIC? Tanta coisa, que vou enumerar só uma ou duas, inspirado na entrevista que Emídio Rangel me deu, em 2012, a propósito dos 20 anos da estação, que recuperamo­s nesta edição, Falta, acima de tudo, um líder, que saiba de TV, que tenha um discurso forte, capaz de reunir à sua volta as tropas num objectivo comum, o da vitória, e tenha a capacidade para mostrar o caminho certo: o da cumplicida­de com o espectador. “Este trabalho não se faz sem uma ligação afectiva. Sabe, às vezes, não se percebe por que se tem, ou não, audiência, e, em regra, o que falta é a afectivida­de. Pode estar aí o segredo do sucesso”, disse-me o antigo director-geral. Claro que pode. A outra lacuna, por mais que o slogan da SIC seja “estamos juntos”, tem que ver com a falta de amor à camisola, fruto das saídas de centenas de excelentes profission­ais nos últimos anos. “Saí com uma enorme tristeza, meu Deus… Achei que ia morrer de tristeza…”, respondeu-me ainda Rangel à pergunta “como foi o seu último dia na SIC?” Ora aí está: alguém, hoje, quando sair de Carnaxide, é capaz de dizer algo semelhante? Ninguém.

2. “Até fez bons números”, disse Bruno Santos, ao CM, referindo-se aos 700 mil espectador­es no arranque de Biggest Deal .Se ninguém é capaz de lho dizer, em Queluz de Baixo, eu digo: não, não é. O resultado, o pior de sempre numa estreia, é uma lástima. E o único responsáve­l pela derrota é o director-geral da TVI, que apostou no reality show precisamen­te no dia das autárquica­s, no dia do Sporting-FC Porto e no dia do Marítimo-Benfica. Se Biggest Deal não morreu já, a cova para a urna está aberta…

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