A cor da pele
Até ao próximo dia 15, 13 actores negros sobem ao palco para questionarem a importância da cor da pele e o racismo na nossa sociedade. O actor de Ouro Verde fala à TV Guia sobre a nova peça
Oencenador Rogério de Carvalho põe 13 actores negros no palco do São Luiz, em Lisboa, até ao próximo dia 15, a interpretarem um clássico contemporâneo, o texto Os Negros de Jean Genet – dramaturgo branco francês, homossexual, marginal. Todas essas características fizeram com que escrevesse sobre o que é ser negro, porque, no fundo, ele sabia, era humano.
Ângelo Torres, o padre Sebastião de Ouro Verde, conta à TV Guia que Genet “é um autor maldito para alguns, pelo estilo de vida dele”. “Nasce de pai incógnito, cresce em reformatórios, é adoptado, mas, mesmo assim, continua a ter uma vida marginal. Foi preso várias vezes e isso criou-lhe muitos problemas durante o percurso da sua vida. E, para mais, era homossexual assumido.”
Segundo o actor, a história de Genet influencia-o ao ponto de tornar-se “um dos percursores do chamado teatro de intervenção”. Neste espectáculo, a cor da pele é o aspecto mais importante: um júri aristocrata branco vai ser obrigado a julgar o homicídio de uma rapariga branca.
Os Negros é também, para Ângelo Torres, uma experiência muito próxima. “Tornou-se pessoal, porque nasci num país africano, mas muito cedo vou para Espanha e sofri na pele o que é a mentalidade da sociedade ocidental branca, e de alguns brancos.”
A MESMA PERSONAGEM, 11 ANOS DEPOIS
Em Os Negros, Ângelo Torres dá vida a Village, um estudante de Medicina, eéa segunda vez que interpreta esta personagem, mas hoje com outros olhos. “Tornei-me melhor pessoa do que era em 2006. Estou mais velho, vejo as coisas de outra forma”, admite. “E, portanto, a forma como vejo a personagem é diferente.” Até o trabalho que tem com o encenador, o mesmo de há 11 anos, é diferente. A peça é uma co-produção da já conhecida companhia Teatro GRIOT com o São Luiz Teatro Municipal.