Juntos na dor
O casal votou numa escola perto de casa, em Massamá, e não passou despercebido. O líder do PSD, que anunciará brevemente a sua saída, acompanhou a mulher, que continua a lutar contra uma doença grave
Foi com visíveis dificuldades de locomoção que Laura Ferreira acompanhou, no domingo, dia 1, o marido e ainda líder do PSD, Pedro Passos Coelho, até às urnas. Com a ajuda de uma muleta no braço direito e com o apoio do braço do marido, a fisioterapeuta, que padece há vários anos de uma grave doença oncológica que foi inicialmente detectada num joelho, fez uma penosa caminhada até à mesa de voto, em Massamá, onde exerceu o seu direito elementar.
Apesar do grau de debilidade da mulher do actual líder da oposição, Laura Ferreira fez um esforço para sair de casa, em dia de eleições, e votar na Escola Secundária Stuart Carvalhais, em Massamá, onde ambos residem com a filha, Júlia, de 10 anos, a caçula da família.
O esforço de Laura foi, contudo, inglório quando, ao final do dia, foram conhecidos os resultados eleitorais. Os números não enganam e o marido, e o partido a que ainda preside, mas que cuja liderança vai deixar em breve por não se recandidatar, sofreram a sua mais pesada derrota eleitoral autárquica de que há memória na história da democracia portuguesa.
LEÕES À ESPREITA
Na noite de domingo, o líder do PSD reconheceu o mau resultado e disse que iria tirar as devidas ilações do sinal negativo que os portugueses lhe tinha dado.
Dois dias depois, terça-feira, 3, Pedro Passos Coelho, durante a reunião da Comissão Política Nacional do partido, garantiu que não se irá demitir na sequência do resultado eleitoral, mas assumiu que também não se irá recandidatar ao cargo nas próximas eleições directas internas. A informação foi revelada à Agência Lusa por fontes dos social-democratas presentes no órgão colegial, tendo sido deixados os pormenores do anúncio da decisão para a intervenção inicial de Pedro Passos Coelho no Conselho Nacional.
Para já, avançam na corrida à liderança os portuenses Rui Rio e Paulo Rangel, que usarão a má noite eleitoral como arma de arremesso para limpar o partido. Pedro Santana Lopes, esse, está em período de reflexão.