A GUERRA DE FÁTIMA!
1. Há três semanas, escrevi aqui que, nas férias, só iria ver meia dúzia de coisas na televisão. Quebrei a promessa. Num dos sábados, enquanto almoçava, peguei no comando e comecei a fazer zapping – um dos meus vícios, confesso. Parei na TVI. Fátima Lopes entrevistava Paulo Pires, em Conta-Me como És.
A conversa era boa – ou não estivéssemos na presença de uma apresentadora que sabe comunicar e que, pela sua experiência de 24 anos, consegue colocar os convidados à vontade – e os depoimentos da mulher e das filhas do actor e de Vítor Norte prendiam-nos ao ecrã. Mas esta aposta da estação de Queluz de Baixo tem alguns problemas graves: a edição de imagem, o som e o cenário. Sim, sim, o cenário. Por exemplo, neste episódio, tínhamos Fátima Lopes e Paulo Pires num espaço reduzido, quase às escuras, com um candeeiro ao lado. Uma pobreza. Mudei entretanto para a SIC. E lá estava Daniel Oliveira, desta vez com José Malhoa. Se as perguntas (sonsas) são as mesmas de sempre – “quem é que lhe deve um pedido de desculpas” ou “o que dizem os seus olhos” –, o seu Alta Definição ganha depois em toda a linha. A edição e o som são top e, melhor ainda, os cenários são apelativos. Neste dia, a conversa com o cantor pimba decorreu num espaço ao ar livre, bem bonito, com as cores verde e azul a dominarem – como se impõe obviamente no Verão. O amadorismo, o facilitismo e o comodismo na TVI são tão evidentes, que, no sábado seguinte, dia 21, Fátima entrevistou Lourenço Ortigão, imagine-se, no mesmo sítio que Paulo Pires – se não foi, era semelhante.
Isto significa pelo menos uma coisa: a preguiça mora em Queluz de Baixo. A apresentadora não merece que lhe façam isto. Não pode permitir que lhe façam isto. Com o seu justificado estatuto, o de uma verdadeira estrela da TV, tem de exigir mais e melhores condições de trabalho para vencer esta batalha dos sábados, iniciada há três meses. Não basta ter bons convidados e saber conversar. Não basta. Os “detalhes”, como sabemos, são a chave do sucesso.
2. Judite Sousa continua a provar que é a melhor, seja na entrevista, seja na reportagem, como se viu ainda agora na Tailândia e em Turim. Mas a jornalista acaba sempre atacada nas redes sociais. Incrível. De facto, é muito mais cómodo ficar com o rabo sentado na cadeira a ler notícias, como Clara de Sousa, por exemplo.