TV Guia

“TESTO muito com a minha mulher”

Mário Daniel Sem truques, fala de si e de #Desafios

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA | FOTOS PEDRO FERREIRA

O ilusionist­a da Régua confessou, no dia em que celebrou 38 anos, que o programa que faz na SIC está entre os dez melhores do mundo. E avança que está prestes a fazer o truque da sua vida - saltar de avião, sozinho, e conseguir libertar-se: “É o meu maior medo, é um salto de coragem”

Mágico ou ilusionist­a? Como se define? O nome da profissão é ilusionist­a, mas também me sinto mágico, porque uso as ilusões para criar magia. Se me chamarem mágico, não levo a mal. É uma palavra bonita e define o que faço. No seu caso, foi inato ou em jovem era tímido e tinha dificuldad­es em comunicar? Tendencial­mente, acho que sempre fui um bom comunicado­r, nunca fui acanhado. Sempre fui alguém que gostava de se expressar, de falar, de estar com os amigos. Para se ser mágico tem que se comunicar de forma limpa, ser criativo e ter truques, com ou sem sentido. Ou seja, um mágico precisa, acima de tudo, de ter credibilid­ade, uma forte personalid­ade, transmitir confiança... Essaéu ma excelente análise. Confesso que, às vezes, quando gravamos 80 truques numa série, como Minutos Mágicos# Desafios, nãoé fácil ter essa presença de espírito ou essa confiança à flor da pele. No palco ou num espectácul­o para uma empresa, tenho confiança máxima. Em televisão, 80 truques é uma loucura! Testamos os truques, desenvolve­mos os textos e apresentam­o-los às pessoas.

São precisas várias soluções, vários objectos, dias ou semanas de trabalho.

É muito trabalho, mesmo.

Este trabalho é brutal. É muito, muito mais do que aquilo que se vê à frente da câmara, mas numa escala que não tem comparação.

Acho que 99% do trabalho é feito antes.

Quer explicarno­s o processo?

Sim, claro. Primeiro, fazemos uma listagem de ideias, de coisas que, ao longo dos anos, vejo ou me vão passando pela cabeça. Há um tra-

balho inicial de pôr várias ideias na mesa, de as partilhar e repartir porcada episódio, mais visuais e cada vez mais difíceisde encontrar soluções. Cada episódio tem umah as tag comum desafio, seja eu ser submerso, soterrado... No fim-de-semana que passou foi o da grande explosão no rio Douro. É verdade. Foi a explosão no Douro e foi em grande. Foi um desafio muito grande, com riscos, muitos pedidos oficiais de autorizaçã­o.

Os desafios têm sido uma loucura? Claro que sim, e com muito suspense. Entrar numa caixa cheia de explosivos, em que se alguma coisa corresse mal ia desta para melhor. Estar debaixo de água dois minutos e meio e em treinos fazer uma média de 3’40’’ de apneia pura – o meu recorde foi 3’46’’ –, é uma autêntica loucura.

Tem noção do perigo que é fazer tanto tempo de apneia? O corpo pode desligar e morrer afogado...

Sim. Tenho noção de que posso desmaiar, ficar inconscien­te debaixo de água e que isso pode trazer problemas graves, mas estava bem assessorad­o, bemt reinado. Aapnei apura pode trazer umaco is aaquech amamos síncope, queéqu ando os níveis de dióxido de carbono atingem um determinad­o nível no nosso corpo e nos fazem desligar, por uma questão de poupança de energia, para relaxar. Morre-se normalment­e em resultado disso, porque, se desmaiamos, morremos afogados a seguir.

Nos truques mais simples, como faz? Põe-se em frente a um espelho, ensaia? Sim, ponho-me em frente ao espelho, peço que me gravem. Não falo ao espelho. Normalment­e, vou ao espelho quando preciso dever uma técnica nova e como vou trocar uma caixa por outra sem ninguém se aperceber. Vejo como fica melhor, como fica mais natural. Treino o texto em áudio e expressão e sei como está a resultar. Repetindo o texto, não preciso de me estar a filmar para saber que está bem.

Testa muito com a Cláudia, a sua mulher, a ver?

(Risos) Sim, testo muito com ela. Aliás não há nenhum truque que ponha em prática que a Cláudia não tenha visto mais de cinco ou até dez vezes. A Cláudia é, sem dúvida, um grande suporte da minha vida. É minha produtora, minha mulher, e ainda por cima sabe muito de magia e conhece-me como ninguém. Se eu estivera fazer alguma coisa deformam e nos natural,éa primeira pessoa a dizer-me is soe a corrigir-me par afazer

melhor. Ouço muito a crítica dela, porque tem uma boa percepção.

Houve algum truque especial para a conquistar?

(Risos) Por acaso, conhecemo-nos no meio. A Cláudia trabalhava como assistente na produção na Praça da Alegria [RTP 1] dentro do estúdio e eu ia lá semanas, ou quinzenalm­ente, fazer uma rubrica, em 2008 e 2009, e depois começámos a namorar.

A paixão dela começou primeiro pela magia ou pelo Mário Daniel?

(Dá uma gargalha) A choque não. Começou comas conversas que tivemos antes de eu entrarem cena. Foi ao pé das câmaras que se criou a nossa magia. Acha que levou a magia em Portugal a um patamar superior?

Espero que o tenha conseguido e acredito que sim. Istoé a junçã ode muitos factores: Abrir a janela da televisão fui eu e o meu irmão que o fizemos com muito esforço. A choque estamos afazer tudo da maneira certa e, se calhar, modéstia à parte, temos um programa que nãoé só bom cá. Ainda agora me ligaram mágicos estrangeir­os quem e disseram que tinham o melhor programa de magia que foi feito na última década no mundo. Acredito que é um dos programas mais bem feitos de magia no mundo. Esta série Minutos Mágicos #Desafios dá um passo enorme em relação às outras. Há aqui um enquadrame­nto muito grande, o efeito da superação, de ir mais longe.

Em 2015, disse em várias entrevista­s que ainda não tinha feito o truque da sua vida. Em 2018, já o fez?

A choque esta sé ri eéotrab alho da minha vida, disso não tenho muitas dúvidas. Em televisão é claramente o trabalho da minha vida. Todos nós podemos evoluir, fazer coisas, mas acho que dentro de passar os limites, que é disso que o programa trata, há alguns limites e estamos perto desse tecto.

Vamos ter de esperar pelo desafio que vai acontecer no Algarve para o Daniel saber se atingiu esse tecto e superou os seus limites?

(Risos) O salto de avião no Algarve vai ser o grande desafio da minha vida porque é um meio que não domino. Temos feito coisas na terra e debaixo de água que são meios que eu domino, graças ao meu background físico que tenho que me ajudou a adaptar-me bem aos truques que fizemos. O salto de a vi ãoé uma coisa que realmente nunca fiz e vou fazer um curso intensivo, dentro de dias vou para o Algarve[ entrevista realizada a 13/07]. Faltam gravar alguns truques, sendo que um dele sé o salto, gravo seis, entre a próxima semana e o início da seguinte elo goa seguir vou para o Algarve fazer o curso intensivo de 25 a 30 saltos, onde aprendo a saltar sozinho. Nunca saltei,éo desafio quem e vai impor corageme espero que seja capaz de o fazer. O espectácul­o Fora do baralho foi o projecto da sua vida?

Foi, porque criei um espectácul­o de 90 minutos onde toda a magia, todos os elementos, toda a história faz sentido. Tudo ali faz sentido. Tanto que, depois de 200 apresentaç­ões, queremos colocar o espectácul­o em teatros um pouco por todo o mundo. Já o ensaiámos em inglês, já o fiz inclusive duas vezes no Porto para turistas. Foi um teste para ver se funcionava bem em inglês, e funciona. Está tudo testado e gravado.

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O mágico da SIC confessaqu­al foi o truque para conquistar a sua mulher, quando ainda fazia magiana RTP.
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confessa Mário Daniel. “Acho que 99% do trabalhoqu­e vemos na TV é feito antes. Este #Desafios está aser muito violento”,

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